A liberdade relativa

Vencedor do prêmio “Um Certo Olhar” no Festival de Cannes de 2021, “Great Freedom” conta uma história dolorosa. Não é baseada em nenhum caso específico, mas ilustra com extrema delicadeza o período em que amar era considerado um crime. Parece uma trama distópica e nos sufoca quando entendemos a vida opressora que muitos tiveram que enfrentar. Quando sentimos o peso que muitos tiveram que suportar.

Escrito e dirigido por Sebastian Maise, o filme nos revela a jornada de Hans Hoffman (Franz Rogowski) que, em um período pós-guerra na Alemanha, é encarcerado repetidas vezes ao longo dos anos por ser homossexual. A obra, então, acerta na montagem ao intercalar as três vezes em que ele esteve atrás das grades, alternando entre os anos e nos fazendo compreender os sacrifícios e atitudes do protagonista e tudo o que ele vai perdendo de si nesse tempo. Hans ainda tenta se manter firme, buscando, mesmo diante das dificuldades, alcançar algum tipo de afeto ali dentro. Burlando regras para, ao menos, sentir o toque do outro.

Franz Rogowski está impecável como protagonista. Me vi o tempo todo sofrendo ao seu lado, querendo poder abraçá-lo. Hans é o doloroso retrato de tantas pessoas que tiveram suas identidades apagadas. Nunca podendo viver, nunca podendo amar. “Great Freedom” choca ao recontar esse momento da história em que homens foram perseguidos e castigados pela forma como eles amavam. O fim, então, vem como um soco ao falar de liberdade e o quanto ela é relativa. O que é ser livre para você pode também ser a minha prisão.

NOTA: 9,5

País de origem: Alemanha, Áustria
Ano: 2021
Duração: 117 minutos
Disponível: Mubi
Diretor: Sebastian Meise
Roteiro: Thomas Reider, Sebastian Meise
Elenco: Franz Rogowski, Georg Friedrich, Anton von Lucke

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