Os 25 melhores filmes de 2021

2021 acabou (já faz um tempinho) e como de costume aqui no blog, venho apresentar meus filmes favoritos do ano.

A pandemia ainda segue e desde 2020 estamos encontrando novas formas de nos conectarmos ao cinema. Grande parte desses filmes não chegaram à tela grande e o streaming se mostrou uma alternativa ainda muito relevante no nosso dia a dia, assim como o serviço de video on demand (VOD). Isso, por outro lado, acabou fazendo com que algumas obras passassem completamente despercebidas pelo público. Venho, então, de certa forma, com o intuito de destacar algumas produções que merecem mais atenção. 

Foi um ano que consegui assistir muita coisa e espero ter feito uma seleção justa. Lembrando que seleciono aqui apenas os filmes lançados entre janeiro e dezembro de 2021 aqui no Brasil. Espero que gostem dos selecionados e caso não tenham visto algum, já deixo aqui como dicas a serem achadas também.

Menções honrosas: Denis Villeneuve teve a ousadia de dar vida ao complexo universo de “Duna” e entregou um filme majestoso. Experimento musical de Leos Carax, “Annette” foge de qualquer obviedade do gênero. “Não Olhe Para Cima” conseguiu reunir um elenco estelar em uma sátira brilhante de Adam McKay. Fazer boa comédia é para poucos e por isso “Duas Tias Loucas de Férias” merece destaque.

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25. Em um Bairro de Nova York
de Jon M. Chu | EUA

“Em Um Bairro de Nova York” revitaliza com êxito o musical na tela grande. Fazia tempo em que não víamos um filme do gênero desta grandiosidade, que mais parece um milagre de como o diretor Jon M.Chu conseguiu encaixar tudo em uma única produção. É aquela obra que explode, que grita e nos faz querer sair dançando por aí. O hip-hop, em uma interessante mescla com salsa e bolero, atinge instantes de glória. Mais do que falar sobre sonhos, a música aqui vem como um manifesto político (e poético) contra essa marginalização de comunidades imigrantes nos Estados Unidos. Um filme que tem uma energia inesgotável, que vibra, que pulsa em cada pequeno detalhe.

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24. Judas e o Messias Negro
de Shaka King | EUA

Com uma trama que se inicia lá no final da década de 60, o longa traz grandes reflexões sobre desigualdade social, racismo e sobre a corajosa luta dos negros ao longo dos anos. “Judas e o Messias Negro”  traz uma estrutura já comum no cinema, a do infiltrado que se fascina por seu alvo. Ainda assim, o roteiro empolga e costura um suspense hipnotizante, principalmente pelas ótimas atuações do elenco e pela complexidade de sentimentos entregues ali. Uma história triste, revoltante e que causa um grande impacto em nós.

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23. A Filha Perdida
de Maggie Gyllenhaal | EUA

Estreia na direção da atriz Maggie Gyllenhaal, “A Filha Perdida” é uma adaptação do elogiado livro de Elena Ferrante. Lançado pela Netflix, o texto do filme é potente, foge da obviedade e ecoa em nossa mente, justamente porque ficamos remoendo tudo aquilo que não é claramente exposto. A obra acerta ao construir personagens complexas e em nenhum momento busca justificar suas ações ou julgar qualquer movimento questionável. Vem com coragem para discutir o peso da maternidade e esses sentimentos tão velados pela sociedade. As atrizes estão incríveis e o roteiro cria o palco para todas elas brilharem.

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22. O Esquadrão Suicida
de James Gun | EUA

Uma sequência de “Esquadrão Suicida” parecia o caminho mais tolo a ser seguido. É então que o projeto cai nas mãos certas e James Gunn reinicia com vigor a franquia, entregando um produto autêntico e extremamente eficiente. Não é apenas muito prazeroso de assistir como também comprova a esperteza de seu criador. Traz estilo sim, mas o grande acerto aqui se encontra no texto, que sabe dosar o humor, a dramaticidade e, principalmente, sabe como valorizar seus bons personagens. Encontramos aqui uma obra revigorante e feita de muito coração. A mais bela surpresa do ano e uma aula necessária de como conduzir um filme de super-herói.

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21. 007 – Sem Tempo para Morrer
de Cary Fukunaga | Reino Unido

Depois de quinze anos na pele de James Bond, Daniel Craig se despede neste filme que encerra com grande êxito os capítulos comandados pelo ator. Temos aqui uma obra que não descansa, que está sempre seguindo uma nova direção e jamais perdendo a empolgação ou nosso interesse. A relação entre todos os personagens é sempre muito bem conduzida pelo roteiro, que sabe dosar humor, seriedade e sentimentalismo. Uma bela homenagem ao querido agente secreto, que respeita sua trajetória e, principalmente, respeita o público que esteve ao seu lado nesses últimos anos.

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20. Amor e Monstros
de Michael Matthews | EUA

Como é prazeroso encontrar “Amor e Monstros” em pleno 2021. Sua pureza chega a ser nostálgica, estampando um sorriso tonto em meu rosto durante seus minutos. Roteiro esperto, personagens carismáticos e belas mensagens. O filme é, basicamente, sobre um jovem (Dylan O’Brien) que, em um mundo pós-apocalíptico dominado por monstros, decide traçar uma perigosa jornada para encontrar a namorada. Uma bela aventura à moda antiga e muito maior do que parece ser ou do que pretende ser. Um produto raro e um tanto quanto especial.

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19. Luca
de Enrico Casarosa | EUA

Os filmes da Pixar possuem um certo poder. Mesmo quando assumem a simplicidade, conseguem extrair algo grande dali e transbordam. Com “Luca” não é diferente. O protagonista é uma criatura marinha que consegue se passar por humano quando sai do mar e, assim, vai viver como um garoto comum, se camuflando na multidão e apagando sua própria identidade. O poder desta nova animação é usar de uma ideia tão simples para construir uma metáfora brilhante sobre homoafetividade. É uma trama sobre aceitação, respeito e entender que tudo bem ser diferente dos outros. É uma mensagem muito necessária e que pode trazer um impacto muito positivo para as crianças, além de dialogar com muitos adultos que enfrentaram essas tantas lutas na infância. 

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18. Loucos por Justiça
de Anders Thomas Jensen | Dinamarca

Uma grata surpresa de 2021, “Loucos por Justiça” vai muito além da história de luto e vingança do qual tão bem já conhecemos. É uma obra bem amarrada, que se mostra, aos poucos, bastante sensível. A grande graça aqui é acompanhar a relação de um grupo de homens comuns buscando por justiça. O roteiro é brilhante, esperto e navega bem por diversos gêneros. Ao fim, emociona sutilmente ao falar sobre esses laços de amizade e como eles revelam a imprevisibilidade milagrosa da vida.

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17. Mais Que Especiais
de Olivier Nakache, Éric Toledano | França

Inspirado em uma história real, o filme nos revela com sensibilidade a história real de dois homens que criaram duas organizações sem fins lucrativos para abrigar e dar assistência a pessoas com transtornos autistas severos. Interessante como a obra usa de uma narrativa de investigação para decifrar um ato de bondade, de altruísmo. As batalhas diárias vividas pelos protagonistas são mostradas em tom documental e comovem pela honestidade, construindo uma teia de afeto e de transformações milagrosas. “Mais Que Especiais”, ao fim, soa como uma bela celebração à vida, a apostar no próximo, a lutar pela inclusão do outro. Emociona porque fala com verdade, porque tem coração presente em cada instante.

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16. Raya e o Último Dragão
de Carlos López Estrada, Don Hall | EUA

Mais do que uma experiência agradável e empolgante, a animação da Disney traz reflexões necessárias. A trama coloca uma jovem guerreira em uma aventura para salvar sua comunidade e encanta pelo carisma dos personagens e pelo texto que está sempre trazendo elementos novos para a narrativa. “Raya e o Último Dragão” vem para nos lembrar sobre o quanto perdemos quando desistimos do mundo, quando não depositamos fé no próximo. Um voto de confiança é necessário porque ele traz poder, ele transforma e nos permite evoluir.

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15. Deserto Particular
de Aly Muritiba | Brasil

O grande filme nacional do ano, “Deserto Particular” entrega uma delicada história de amor no tempo dos desafetos. A trama envolve um policial que atravessa o país para encontrar uma mulher que só conhecia virtualmente. Esse encontro cara a cara desencadeia uma série de frustrações, medos e revela uma imensa necessidade do contato, de toque. Uma obra poética, sensível e que diz muito em seu silêncio. Emociona porque cria identificação, porque é cru e real. Porque é extremamente humano.

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14. Palmer
de Fisher Stevens | EUA

A obra se mostra bastante necessária ao nosso tempo ao falar de um tema um tanto quanto tabu ainda hoje: a homossexualidade na infância. O filme narra o interessante encontro entre um ex-presidiário (Justin Timberlake) e um pequeno garoto rejeitado por ser quem é. Belo a forma como o roteiro vai construindo essa relação, emocionando de forma honesta e arrebatadora. Não vem com discursos prontos sobre redenção, segundas chances ou sobre ser quem você deseja ser. As situações são apresentadas e se desenvolvem de forma natural, sem parecer pedante ou didáticas. Comove porque não clama por isso e porque é respeitoso o suficiente para tratar de temas delicados da maneira como precisávamos ouvir. “Palmer” é, acima de tudo, um filme gentil, terno e acolhedor.

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13. Bela Vingança
de Emerald Fennell | EUA

Uma obra que causa um extremo desconforto e que não é de fácil digestão. Carey Mulligan está incrível em cena e aqui ela dá vida à Cassandra, uma mulher misteriosa que frequenta bares à noite e se finge de bêbada para atacar homens assediadores que exploram a vulnerabilidade da mulher nessas condições. O roteiro é inteligente e sai constantemente do lugar comum ao falar sobre vingança e reformula por completo filmes que já abordaram o mesmo tema. Ao mesmo tempo em que é acidamente sedutor e divertido,  “Promising Young Woman” entrega um material doloroso, cruel e impactante.

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12. O Último Duelo
de Ridley Scott | Reino Unido

Com direção de Ridley Scott, a obra investiga o último julgamento travado por um duelo mortal na França. Apesar de ser um filme medieval, a trama é bastante atual ao falar sobre uma mulher vai contra toda a sociedade quando ela decide expor um caso abuso sexual. O filme se divide em três capítulos e retoma os mesmos eventos para revelar as diferentes perspectivas dos três personagens centrais. O texto é bastante crítico ao apontar que, ao fim, mesmo quando é a palavra de uma mulher que está em jogo, tudo é sobre a honra e glória dos homens, sobre a postura deles diante dos outros. E isso dói de assistir.

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11. First Cow
de Kelly Reichardt | EUA

Que experiência boa é ver “First Cow”. A diretora Kelly Reichardt entrega um produto especial e digno de apreciação. Ela narra com bastante carinho uma história de amizade entre dois homens em uma era de descobertas nos Estados Unidos de 1820. Sem pretensão, a trama estampa um sorriso em nosso rosto e encanta pela trajetória desses personagens.  “First Cow” é um conto tocante sobre pessoas tentando vencer na vida. É simples, contemplativo, envolvente e cativante.

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10. Tick, Tick… Boom!
de Lin-Manuel Miranda | EUA

Com “tick, tick…BOOM!”, Lin-Manuel Miranda faz sua declaração de amor aos musicais, enquanto homenageia seu grande ídolo, Jonathan Larson, a mente brilhante por trás de “Rent”. É uma obra especial e, ao mesmo tempo, dolorosa, porque Larson é a personificação dos sonhos, mas também da efemeridade da vida. Como é fácil ter 30 anos e se ver ali na tela. Mais do que os dramas de um artista frustrado, o longa é um retrato poderoso dessa geração ansiosa. Que teme não ter o tempo necessário, teme não conquistar quando todos ao redor estão desfrutando do sucesso. Andrew Garfield está incrível e rapidamente nos faz abraçar esses seus anseios e nos emociona.

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9. No Ritmo do Coração
de Sian Heder | Canadá

O francês “A Família Bélier” é ótimo sim, mas não deixa de ser surpreendente o fato desse remake ter dado tão certo. O longa conquista pela sensibilidade ao narrar a história de uma jovem (Emilia Jones) que fica dividida entre viver o grande sonho de sua vida e cuidar da família, onde todos são surdos. É forte esse dilema enfrentado pela protagonista porque nunca depende de decisões fáceis. Seguir seu sonho é quase como abandonar, rejeitar seu ninho. O roteiro é belíssimo e avança por essas nuances com delicadeza e sem frear essa capacidade de nos fazer chorar. “O Ritmo do Coração” é lindo e atinge nosso coração com força.

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8. Cruella
de Craig Gillespie | EUA

“Cruella” é um acontecimento. Alcança um nível tão alto de qualidade que torna todos os outros live-actions da Disney menos interessantes. É tudo o que os anteriores tentaram mas não conseguiram ser. Esse tem vida própria e não se contenta em ser apenas um favor confortável aos fãs. O filme tem como intuito mostrar os eventos antes daqueles que conhecemos em “101 Dálmatas” e a peculiar ascensão de sua adorável vilã. O filme, que tem excelente ritmo, é uma experiência revigorante de vingança, moda e punk.  “Cruella” é inventivo, tem personalidade e uma energia que vibra. Um espetáculo a ser apreciado.

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7. Nove Dias
de Edson Oda | EUA

Aquele tipo de filme com o poder de nos acolher e nos abraçar. A obra nos leva para uma realidade mística, onde um homem (Winston Duke) precisa entrevistar algumas almas durante nove dias para decidir qual delas é digna de viver. Sua trama nos faz pensar muito em nossa existência aqui na Terra e sobre o quanto somos peculiares a nossa forma. “Nove Dias” encanta pelas situações que narra e pela sensibilidade de falar sobre a vida. Nos toca porque fala diretamente com nosso coração e nos relembra o milagre que é estar aqui.

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6. Ataque dos Cães
de Jane Campion | Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia

Com “Ataque dos Cães”, a renomada Jane Campion vem para contestar o faroeste e dar voz a sentimentos não explorados dentro do gênero em uma obra contemplativa e silenciosa. O filme nos mostra o embate entre um cowboy amargurado (Benedict Cumberbatch) e a nova família que seu irmão tenta construir. Quando as ações dos personagens nunca são claras, o longa se transforma em um suspense enigmático e estranhamente convidativo. As emoções são expressadas em pequenas ações, em detalhes e olhares. É assim que a obra se torna quase que uma experiência sensorial, porque nada vem de forma expositiva, mas ainda assim nos golpeia com força.

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5. Quo Vadis, Aida?
de Jasmila Žbanic | Bósnia e Herzegovina

“Quo Vadis, Aida?” é um drama que mexe com os nervos do público, sendo difícil sair ileso por tudo o que nos apresenta. A trama acontece nos anos 90, quando o exército Sérvio invade as fronteiras da Bósnia e nossa corajosa protagonista, dentro de um campo de refugiados, se desdobra para tentar proteger sua família. Temos aqui um filme devastador, dilacerante e que nos faz sentir a impotência diante de um genocídio. É sufocante, tenso e nos deixa sem chão ao fim. Como cinema, um exercício narrativo primoroso, repleto de sensações e que facilmente nos causa impacto.

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4. Val
de Ting Poo, Leo Scott | EUA

“Val” me acertou em cheio. Me fez sentir algo que nenhuma outra obra do ano me fez sentir. Com uma dor profunda no peito, terminei de vê-lo sem estruturas. O documentário nasce para ser uma cinebiografia do ator Val Kilmer, mas vai muito além daquela trajetória que já conhecemos de fama, ascensão e fracasso. Impressiona pelo imenso acervo e como registro de uma história, nos permite mergulhar na intimidade do ator, nas suas mais dolorosas lembranças. É o registro do tempo, do envelhecimento, das perdas. Do ídolo rejeitado. A obra distorce essa visão que temos dele e emociona ao falar sobre o homem que viveu por sua paixão pelo cinema, sobre o homem que viveu uma ilusão, que respira ainda hoje por seus sonhos.

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3. Druk – Mais uma Rodada
de Thomas Vinterberg | Dinamarca

Quatro amigos e professores, vivendo pela inércia da rotina, decidem provar uma tese de que, ao ingerirem uma quantidade específica de álcool todos os dias, se tornariam mais confiantes em suas ações. São homens de meia idade buscando esse renascimento, se reconectando com a juventude que deixaram para trás. O cineasta Thomas Vinterberg cria aqui uma obra ousada, que caminha por rumos delicados. Ele sabe como conduzir esse discurso sem cair em um campo perigoso e irresponsável, entregando um produto elegante, divertido e sutilmente comovente. Vinterberg faz um filme festivo quando teve uma grande perda em sua vida pessoal. “Druk” é seu grito de dor, sua força, sua razão de ainda estar em pé.

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2. Nomadland
de Chloé Zhao | EUA

Existe uma linha tênue que separa o documental e a ficção no cinema de Chloé Zhao. Em “Nomadland”, ela faz um registo bastante íntimo sobre a vida nômade através do singelo olhar de Fern, brilhantemente interpretada por Frances McDormand, que após enfrentar um colapso econômico em sua cidade, traça uma jornada sem destino pelos Estados Unidos. Ela é a soma de muitas conversas, encontros e ciclos que nunca se fecham. A diretora realiza um filme único e especial, que nos toca, nos fazendo viver, durante seus belos minutos, essa vida que não é nossa. Aqui tudo é história, tudo é sentimento e tudo é real. “Nomadland” é imenso.

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1. Meu Pai
de Florian Zeller | EUA, França, Reino Unido

Tenho uma relação muito pessoal com “Meu Pai”, porque parte dos dramas narrados aqui eu vivo dentro de casa. Por isso é um filme que me atingiu com muita força, porque aqueles tantos sentimentos fazem sentido para mim. A obra nos coloca para dentro de um apartamento, onde vemos de perto a difícil relação entre uma filha (Olivia Colman) e seu pai (Anthony Hopkins), que enfrenta o doloroso processo de perda de memória. O texto é honesto e nos conforta ao falar, com extrema precisão, sobre o Alzheimer. Me senti acolhido, compreendido talvez. É brilhante como o roteiro encontra para ilustrar essa confusão do pai. Nos coloca dentro de sua mente e nos faz duvidar junto com ele, sentindo essa mágoa por não ter mais controle de tudo o que muda, o que se altera, o que se apaga. “Meu Pai” nos choca porque nos lembra deste processo inevitável que é envelhecer e como isso, às vezes, pode ser cruel e solitário.

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E para você? Qual o melhor filme de 2021?

Retrospectiva 2021: os destaques do ano

2021 marcou quase que uma retomada no cinema. A pandemia ainda segue, mas as salas voltaram a revelar números mais expressivos. Filmes como “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” e “007 – Sem Tempo Para Morrer” fizeram uma movimentação que há tempos não se via. Claro, filmes de super-heróis acabam tendo muito peso nesse momento delicado, pois são eles, ainda, o grande chamariz. A Marvel veio com força com filmes como “Viúva Negra” e obras que iniciaram sua tão aguardada “fase 4” como “Eternos”, “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” e o já citado Miranha. A DC foi mais discreta, mas acertou em cheio com “O Esquadrão Suicida”.

O Oscar, no início do ano, como sempre, dá a largada dos principais lançamentos do ano. “Nomadland”, “Meu Pai”, “Bela Vingança” e “Judas e o Messias Negro” foram os grandes destaques. A Disney também foi fundamental ao trazer animações de altíssimo nível como “Luca”, “Raya e o Último Dragão” e o mais recente, “Encanto”.

Por falar nisso, a plataforma da ratazana mercenária não foi muito bem, com poucas produções originais relevantes, diferentes da Netflix que chegou com tudo com alguns dos melhores filmes do ano como “Pieces of a Woman”, “Não Olhe Para Cima” e “A Filha Perdida”. A HBO Max, por sua vez, foi uma ótima adição nessa concorrência. A chegada da plataforma se provou necessária, ainda mais quando torna acessível títulos que acabaram de sair do cinema. É um passo e tanto. Prime Video, seguiu tímido. De qualquer forma, essas opções de streaming se tornaram ainda mais presentes na vida do cinéfilo.

Além da presença massiva do streaming em nossas vidas, outra coisa que marcou o ano foram os reboots e sequência de clássicos do cinema. Uma falta de originalidade, carência de novas ideias e uma forma de apelar para a nostalgia do público. Foi assim que tivemos o retorno de “Matrix”, “Halloween”, “Ghostbusters”, “Space Jam” e “A Lenda de Candyman”, além de sequências que ninguém pediu como “Invocação do Mal 3”, “O Homem nas Trevas 2”, “Um Lugar Silencioso – Parte II”.

2021 também marcou a volta triunfal dos musicais. “Tick, Tick…Boom”, “Em Um Bairro de Nova York”, “Amor, Sublime Amor”, “Querido Evan Hansen”, “Annette” e “Todos Estão Falando Sobre Jamie” provaram que foi o ano desse gênero. O faroeste também teve uma bela de uma reformulada com filmes como “First Cow”, “Nomadland”, “Cry Macho”, “Vingança e Castigo” e um dos melhores do ano: “Ataque dos Cães”.

Também tivemos retornos de cineastas consagrados como James Wan (Maligno), M.Night Shyamalan (Tempo), Wes Anderson (A Crônica Francesa), Denis Villeneuve (Duna) e Ridley Scott com a dobradinha “Casa Gucci” e “O Último Duelo”, além de Spielberg e Jane Campion em obras já citadas.

Tendo tudo isso em mente, venho aqui para enaltecer as produções que tivemos durante esse 2021. Criei uma premiação fictícia, reunindo em 16 categorias técnicas, filmes que merecem destaque e que acredito que foram os melhores em cada uma delas. Selecionei apenas filmes lançados no Brasil entre janeiro e dezembro aqui no Brasil, no cinema, streaming e VOD. Espero que gostem.

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1. Druk – Mais uma Rodada
2. Bela Vingança
3. Loucos por Justiça
4. Annette
5. Duas Tias Loucas de Férias
6. Falsos Milionários

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1. Meu Pai
2. Ataque dos Cães
3. A Filha Perdida
4. O Último Duelo
5. No Ritmo do Coração
6. Tick, Tick…Boom!

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1. Raya e o Último Dragão
2. Luca
3. A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas
4. Din e o Dragão Genial
5. Encanto
6. A Jornada de Vivo

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1. Duna
2. Nomadland
3. Ataque dos Cães
4. A Crônica Francesa
5. First Cow
6. Amor, Sublime Amor

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1. Duna
2. Pinóquio
3. A Crônica Francesa
4. A Vida Extraordinária de David Copperfield
5. Meu Pai
6. Cruella

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1. Cruella
2. Duna
3. A Vida Extraordinária de David Copperfield
4. Amor, Sublime Amor
5. O Último Duelo
6. Noite Passada em Soho

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1. Pinóquio
2. Duna
3. Casa Gucci
4. Maligno
5. O Esquadrão Suicida
6. Cruella

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1. Godzilla vs Kong
2. Duna
3. Free Guy: Assumindo o Controle
4. Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis
5. Amor e Monstros
6. O Esquadrão Suicida

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1. Duna
2. Godzilla vs Kong
3. 007 – Sem Tempo Para Morrer
4. Um Lugar Silencioso – Parte II
5. Finch
6. Tick, Tick…Boom!

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1. Meu Pai
2. Noite Passada em Soho
3. 007 – Sem Tempo Para Morrer
4. O Último Duelo
5. Tick, Tick…Boom!
6. Em um Bairro de Nova York

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1. Antonio Pinto (Nove Dias)
2. Gustavo Santaolalla (Finch)
3. Emile Mosseri (Minari)
4. Jonny Greenwood (Ataque dos Cães)
5. Kris Bowers (King Richard)
6. Nicholas Britell (Não Olhe para Cima)

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1. Second Nature (Não Olhe para Cima)
2. Guns Go Bang (Vingança e Castigo)
3. Redemption (Palmer)
4. So May We Start (Annette)
5. My Own Drum (A Jornada de Vivo)
6. Dos Oruguitas (Encanto)

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1. Ataque dos Cães
2. A Filha Perdida
3. Vingança e Castigo
4. No Ritmo do Coração
5. Não Olhe para Cima
6. Uma Noite em Miami

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1. Emilia Jones (No Ritmo do Coração)
2. Rachel Zegler (Amor, Sublime Amor)
3. Filippo Scotti (A Mão de Deus)
4. Fred Hechinger (A Mulher na Janela)
5. Rachel Sennott (Shiva Baby)
6. Adarsh Gourav (O Tigre Branco)

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1. Maggie Gyllenhaal (A Filha Perdida)
2. Florian Zeller (Meu Pai)
3. Nia DaCosta (Passando dos Limites / A Lenda de Candyman)
4. Emerald Fennell (Bela Vingança)
5. Edson Oda (Nove Dias)
6. Lin-Manuel Miranda (Tick, Tick… Boom!)
7. Benjamin Cleary (O Canto do Cisne)
8. Emma Seligman (Shiva Baby)
9. Rebecca Hall (Identidade)

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1. Chloé Zhao (Nomadland)
2. Jane Campion (Ataque dos Cães)
3. Thomas Vinterberg (Druk – Mais uma Rodada)
4. Paolo Sorrentino (A Mão de Deus)
5. Ridley Scott (O Último Duelo)
6. Kelly Reichardt (First Cow)
7. Kornél Mundruczó (Pieces of a Woman)
8. Jasmila Žbanić (Quo Vadis, Aida?)
9. Leos Carax (Annette)

As 15 melhores atrizes de 2021

Seguindo com a retrospectiva aqui na página, retorno para revelar uma das listas que mais gosto de fazer e, por isso, venho com muita empolgação apresentar a minha seleção de melhores atrizes de 2021. Durante esses doze meses, tivemos alguns retornos marcantes de veteranas e revelações de jovens atrizes promissoras. Com essas personagens incríveis, elas encontraram a chance perfeita de brilharem em cena.

Seleciono aqui as 15 performances que mais me chamaram a atenção. Espero que gostem da lista! Lembrando que foram elegíveis apenas aquelas que estiveram em filmes lançados entre janeiro e dezembro de 2021 aqui no Brasil, no cinema, streaming ou VOD.

Deixe nos comentários qual foi a sua favorita!

15. Rosamund Pike
(Eu Me Importo)

Arriscaria dizer que Marla Grayson foi umas das personagens mais marcantes do ano. Pilantra, ela ganha vida às custas de velhinhos indefesos. Entre o trágico e o cômico, o filme nos faz amar essa mulher detestável, chegando ao ponto de torcermos por ela, mesmo quando julgamos suas ações tão questionáveis. Rosamund sabe trilhar por essas nuances com perfeição, entregando uma anti-heroína divertidíssima, sagaz e provocativa.

14. Emma Stone
(Cruella)

Muito difícil reviver uma personagem tão icônica, ainda mais quando ela já foi vivida por ninguém menos que Glenn Close. Stone encara o desafio e constrói algo único, à sua forma. A atriz tem um brilho a mais, algo que preenche a tela. Seja por seu imenso carisma, seja por sua incrível habilidade de caminhar pela comédia e drama. Stone é gigante e impressiona a cada novo papel. Podia ter dado muito errado, mas ela faz dar certo, muito mais certo do que qualquer um poderia imaginar.

13. Jodie Foster
(O Mauritano)

Jodie Foster é aquela atriz de poucas aparições. Por algumas vezes, fica anos sem retornar para um papel. Mas quando esse retorno acontece, temos então um grande evento. Ela segura tão bem as cenas e tem uma presença tão forte. Acreditamos no poder de sua personagem, na coragem de ir contra todo um sistema, de apostar na bondade do outro. Como advogada de defesa Nancy Hollander, a atriz domina e nos comove.

12. Elisabeth Moss
(Shirley)

Na pele da escritora Shirley Jackson, Elisabeth Moss entrega mais uma potente atuação em sua carreira. Ela tem sido um dos nomes mais fortes do cinema e da TV atual e fico feliz por esse momento de grande reconhecimento em que vive. Tem algo de muito poderoso em sua presença, dizendo muito com seus olhares, com sua postura. Sua personagem é bastante excêntrica e a atriz revela uma imensidão de sentimentos com suas tantas expressões.

11. Tessa Thompson
(Identidade)

Existem papéis que clamam por um Oscar. Que aos gritos e expressões, uma atriz suplica por uma premiação. Existem, por outro lado, aquelas performances contidas, que parecem pequenas, mas são tão grandes. Tão necessárias. Tessa Thompson surpreende no papel de Irene, essa mulher que enfrenta tantas dúvidas e tantos dilemas como mulher negra nos Estados Unidos da década de 20. É uma personagem belíssima, complexa, elegante, e a atriz se entrega com muita honestidade.

10. Rebecca Hall
(A Casa Sombria)

O terror é um gênero que sempre acaba revelando boas interpretações, no entanto, infelizmente, muitos ainda o subestimam, visto, por exemplo, que quase nunca alcançam premiações importantes. É assim que pouco se falou sobre a fantástica atuação de Rebecca Hall em “A Casa Sombria”. É belo o que a atriz faz de sua personagem, Beth, que vivendo do luto após perder o marido, se lança a um universo assombroso, se afundando no medo e abraçando sua dor. Emociona.

9. Carey Mulligan
(Bela Vingança)

Cassandra é uma incógnita que nos seduz a acompanhar suas armadilhas no thriller “Bela Vingança”. Ela tem um passado misterioso, mas dedica seu tempo atacando homens assediadores que exploram a vulnerabilidade da mulher. Sem dúvida alguma, umas das personagens mais insanas e complexas que passou por nós em 2021. Que bom que esse papel caiu nas mãos de Carey, que há tempos andava sumida. Este é seu retorno triunfal e a prova de que ela merece estar no topo.

8. Carrie Coon
(O Refúgio)

Carrie Coon tem bastante prestígio na TV e, aos poucos, tem conquistado o cinema. Como Allison, uma mulher que tem seus desejos silenciados pelas altas ambições do marido, ela entrega uma performance bastante segura, nos afundando junto com sua personagem, sentindo suas dores e seu medo diante de um ambiente que não se adapta. Sua transformação em cena é brilhante e nos fascina.

7. Jodie Comer
(O Último Duelo)

Um dos melhores roteiros de 2021, que merece destaque por ter dado voz a uma personagem tão interessante. Marguerite, que no século XIV, foi vitima de um estupro, traça uma batalha para acusar seu agressor em um ato de extrema coragem. Jodie Comer surpreende por ser novata no cinema, entregando uma atuação de alguém com muita experiência. Ela domina aquele espaço com sua presença, sua força e garra, mas sem esconder suas fragilidades, seu medo de não ser ouvida, de ser julgada.

6. Zhou Dongyu
(Dias Melhores)

Zhou Dongyu tem em mãos um papel extremamente forte. Desde o início, ela precisa estar entregue a emoções muito intensas, isso porque sua personagem sofre bullying na escola. É tudo bastante pesado em cena e a atriz se entrega com força, sempre muito honesta, nos comovendo em sua dolorosa jornada e nos levando a acompanhá-la a um turbilhão de sentimentos.

5. Andra Day
(Estados Unidos vs. Billie Holiday)

Fiquei bastante surpreso por ver a cantora Andra Day tão entregue no cinema. Não é uma personagem fácil e ela encara o desafio com tanta garra e verdade. Aqui ela dá vida à Billie Holiday e a tumultuada carreira de uma das maiores cantoras e compositoras da história da música. Como é lindo ver o quanto ela se doa e se transforma para esse papel. Andra brilha porque se joga de corpo e alma.

4. Frances McDormand
(Nomadland)

A beleza de ver Frances McDormand aqui é poder presenciar sua naturalidade em cena. Ela se despe por completo em um papel tão singelo, tão honesto, tão real. Como Fern, uma mulher que traça uma jornada sem destino em sua Van e se mantendo em empregos temporários como uma nômade moderna, ela nos faz esquecer que estamos diante de uma interpretação. Ela vive aquilo e nós acreditamos. Sua personagem é adorável e nos faz querer abraçá-la a cada instante.

3. Vanessa Kirby
(Pieces of a Woman)

Um dos papéis mais fortes do ano e uma das atuações mais surpreendentes também. Ainda com um currículo curto no cinema, a atriz britânica Vanessa Kirby entregou, talvez, o que muitas atrizes não conseguiram em uma longa carreira. É uma entrega fascinante, que choca, que nos faz sentir o peso e a dor que é existir para sua personagem. Martha é uma mulher que precisa se manter forte depois de perder o próprio filho no parto. Uma jornada sensível, difícil e ela demonstra total domínio.

2. Jasna Đuričić
(Quo Vadis, Aida?)

Fortíssima protagonista de “Quo Vadis, Aida?”, a atriz sérvia Jasna Đuričić nos faz perder o fôlego, tamanha honestidade que imprime nas cenas. Acreditamos naquela realidade apresentada e em sua personagem que, no meio de uma invasão militar em seu país, precisa correr contra o tempo para salvar sua família. É angustiante e desesperador tudo o que vemos ali e a atriz carrega muito sentimento dentro de si. Há garra e coragem para proteger quem ama, mas há também medo e pavor diante da violência que presencia.

1. Olivia Colman
(A Filha Perdida)

Olivia Colman é uma atriz a ser estudada. Carreira longa no cinema e na TV, ela parece que foi redescoberta nos últimos anos. De uns tempos para cá, ótimos papéis chegaram em suas mãos, caindo na graça do público e dos críticos. Tem algo fascinante que é difícil de descrever em sua persona. Ela tem um brilho, uma força rara. Poucas atrizes sabem tão bem trilhar da comédia para o drama como ela. Olivia dá vida a um texto fantástico e traz vida para “A Filha Perdida”. Sua personagem Leda é extremamente complexa e somente um talento como o dela poderia tornar esse filme possível. Olivia Colman é um acontecimento, a joia mais preciosa do cinema atual.

As 15 melhores atrizes coadjuvantes de 2021

2021 acabou e estou aqui para fazer uma retrospectiva do que teve de melhor no mundo do cinema. Nos próximos dias, revelarei algumas listas com os meus favoritos em algumas categorias. Começo, então, com as melhores atuações femininas em papéis coadjuvantes.

Durante esses meses, algumas atrizes se destacaram e entregaram performances dignas de atenção. Listo as 15 que acredito que foram as melhores. Lembrando que foram elegíveis apenas os filmes lançados entre janeiro e dezembro de 2021 aqui no Brasil, no cinema ou VOD. Espero que gostem das selecionadas e deixem nos comentários a que você mais gostou.

15. Laura Benanti
(Quanto Vale?)

No drama da Netflix “Quanto Vale?”, vemos uma série de depoimentos bastante honestos sobre pessoas que perderam entes queridos na tragédia do 11 de setembro. Laura Benanti vem para dar voz à uma mulher que perdeu o marido e, no meio de seu luto, acaba descobrindo uma traição. É uma personagem pequena ali, mas vem com tanta verdade e sensibilidade que por vezes esquecemos ser uma atuação. Acerta o tom e jamais cai na dramaticidade forçada.

14. Tracee Ellis Ross
(A Batida Perfeita)

Dona de um carisma imenso, Tracee é a alma dessa despretensiosa comédia musical. Aqui ela faz uma cantora de renome, Grace Davis, que precisa reerguer a carreira e produzir algo novo depois de anos estagnada. A atriz traz humor e uma boa dose de honestidade também. Tem força em cena e ainda canta muito bem.

13. Gina Rodriguez
(Falsos Milionários)

Outra rainha do carisma é Gina Rodriguez. É incrível esse poder que a atriz tem de roubar atenção. Na comédia esquisitíssima (e brilhante) “Falsos Milionários”, ela dá vida para uma trambiqueira extrovertida. Melanie, sua personagem, traz luz à obra e nos seduz a acompanhar sua divertida jornada. Gina está encantadora.

12. Ellen Burstyn
(Pieces of a Woman)

A palavra de uma mãe, muitas vezes, tem um peso enorme em nossas decisões. A presença de Ellen Burstyn como mãe da protagonista que acaba de perder o próprio filho é forte, porque suas palavras tem poder, chegando ao ponto de até mesmo ser cruel. A veterana encara com força essa personagem e nos causa incômodo, justamente porque é tão humana, tão real.

11. Danielle Deadwyler
(Vingança & Castigo)

Uma das mais belas surpresas desse ano, a jovem atriz Danielle Deadwyler encara um papel divertido e rouba a cena ao lado de um elenco de peso em “Vingança e Castigo”. Como Cuffee, uma mulher que se disfarça de homem e passa a fazer parte do bando para derrotar um impiedoso criminoso, a atriz constrói uma personagem misteriosa, cômica até e brilhantemente defendida por sua bela atuação.

10. Dianne Wiest
(Let Them All Talk)

O filme de Steven Soderbergh é bastante curioso por deixar seu elenco à vontade para improvisar, enquanto ele filma com seu iPhone. Todos os atores estão ótimos, mas é a veterana Dianne Wiest quem verdadeiramente brilha. Sua doçura e espontaneidade em cena encantam. Há um discurso inspirador quando ela diz sobre como todos ali são privilegiados por serem os últimos a verem as estrelas em seu estado natural. É o melhor momento do filme e o palco é todo dela.

9. Juno Temple
(Palmer)

Juno sempre foi uma atriz bastante subestimada. Não há nada que ela faça pela metade. Com um papel pequeno no drama “Palmer”, ela rouba a cena. Ela faz uma mãe problemática, que anos afastada do próprio filho, retorna para tê-lo de volta. É uma personagem forte e ela engrandece o que poderia ser apenas uma participação.

8. Aunjanue Ellis
(King Richard: Criando Campeãs)

Como mãe de Serena e Venus Williams em “King Richard”, Aunjanue Ellis se mostra uma grande revelação. Tenho a sensação de que ela merecia mais espaço em cena, inclusive. Mas isso é só a prova do peso que ela tem ali. Seus diálogos são ótimos e muitas vezes acaba dizendo o que nós, enquanto público, gostaríamos de dizer. A atriz passa verdade e se destaca, mesmo quando o filme a diminui mais do que necessitava.

7. Jessie Buckley
(A Filha Perdida)

A versão mais jovem de Olivia Colman como Leda em “A Filha Perdida”. É através de suas expressões, sua postura, que compreendemos melhor a personagem no presente. Uma escolha certeira de elenco, que nos permite mergulhar na complexidade da protagonista. Jessie é uma atriz em ascensão e merece sucesso! Só tem a crescer.

6. Odessa Young
(Shirley)

Sempre bom quando encontramos jovens atrizes que se arriscam tanto, que aceitam o desafio de dar vida a personagens tão complexos. Odessa divide a cena com Elisabeth Moss e, mesmo com pouca experiência, chega a altura. Aqui ela interpreta uma jovem estudante que interrompe seus sonhos pelo marido e pelo filho que está para nascer, ao mesmo tempo em que passa a cuidar da escritora Shirley Jackson em um período de bloqueio criativo. Uma presença hipnotizante, que navega entre a sedução e medo, entre desejos e desilusões.

5. Emma Thompson
(Cruella)

Simplesmente saborosíssimo o embate entre Cruella com a Baronesa, vivida por Emma Thompson. Uma antagonista preciosa, divertida e extravagante. Fazia tempo que não via Thompson tão à vontade e tão renovada em cena. Seus trejeitos e sua acidez a tornam uma das personagens mais fascinantes que vi no ano. Foi bom demais assistir.

4. Olivia Colman
(Meu Pai)

Tenho uma relação muito pessoal com essa personagem, por viver algo parecido com ela. Existe doçura e paciência, mas também existe rancor, existe culpa. Cabe tudo isso dentro da Olivia e muito mais. Uma atriz gigante e que em pouquíssimos minutos consegue transmitir o indescritível. Como filha de um senhor com Alzheimer, ela traz muita verdade e emociona.

3. Ruth Negga
(Identidade)

Na pele de Clare, uma mulher negra que se passa por branca nos anos 20, Ruth entrega uma das mais belas atuações do ano. Sua presença é sutil, mas ainda assim hipnotizante e sedutora. Muito subestimada, ela nunca recebe a atenção que merece e aqui só comprova a força dela como atriz. Sempre contida e sempre grandiosa.

2. Youn Yuh-jung
(Minari)

A melhor avó que já tivemos! Vencedora do Oscar no começo de 2021, a atriz sul-coreana é fantástica e constrói uma personagem adorável em cena. Em “Minari”, ela passa a cuidar dos netos quando a família de sua filha se muda para os Estados Unidos. É uma relação linda essa que vai sendo narrada entre esse mulher tão experiente e extrovertida com seu neto David. Os dois juntos são o brilho desse drama morno.

1. Kirsten Dunst
(Ataque dos Cães)

Em “Ataque dos Cães”, a diretora e roteirista Jane Campion desenha na tela personagens enigmáticos e que nos causam certo fascínio. Como Rose, Kirsten Dunst alcança um patamar quase nunca alcançado em sua longa carreira como atriz. Esse embate furioso e silencioso entre ela e Phil, interpretado por Benedict Cumberbatch, só existe pela magnitude dos dois atores em cena. Há sensibilidade em sua entrega, nos causando empatia e também desespero. Um grande papel e uma atriz que, definitivamente, merecia mais reconhecimento.

Crítica: Cruella

Sobre vingança, moda e punk

“Cruella” é um acontecimento. Alcança um nível tão alto de qualidade que torna todos os outros live-actions da Disney menos interessantes. É tudo o que os anteriores tentaram mas não conseguiram ser. Esse tem alma, tem vida própria e não se contenta em ser apenas um favor confortável aos fãs. Como é bom encontrar um produto que prometia pouca coisa e entregou absolutamente tudo.

Existe um brilho a mais em Emma Stone e aqui compreendemos o quão poderosa é sua presença. Uma atriz versátil, carismática e que nos seduz a acompanhar a divertida trajetória de sua personagem. O filme tem como intuito mostrar os eventos antes daqueles que conhecemos em “101 Dálmatas” e a peculiar ascensão de sua adorável vilã. Claro que com uma roupagem completamente diferente e, felizmente, sem se apegar à obra original. É uma trama nova e que acaba, por fim, humanizando Cruella. Poderia ter dado bem errado se não fossem as mãos dos roteiristas Dana Fox e Tony McNamara (A Favorita). É um trabalho brilhante realizado pela dupla, que entrega um filme hipnotizante, que flui muito bem por suas mais de duas horas de duração.

O diretor Craig Gillespie constrói, com sua direção, uma narrativa ainda mais imersiva e consistente daquela apresentada em “Eu, Tonya”. Tem movimento, velocidade e nos mantém atentos a cada detalhe. A produção vem caprichadíssima também, com seus deslumbrantes figurinos e uma impecável direção de arte. Destaque, claro, para a empolgante trilha musical – com nomes como The Clash, Blondie e The Rolling Stones – que nos leva à fascinante Londres dos anos 70. É uma junção de elementos que funcionam perfeitamente bem em cena, sendo uma experiência revigorante de vingança, moda e punk. O único detalhe que causa um certo estranhamento é o uso de CGI nos cachorros, ainda que bem realizado. Porém, acaba sendo justificado quando ganhamos instantes como o doguinho Wink vestido de rato.

Assumindo o papel de Cruella como uma anti-heroína, o roteiro não nos deixou de nos apresentar uma grande vilã. A Baronesa vivida pela veterana Emma Thompson é impagável. O embate entre as duas personagens é saborosíssimo, nos lembrando rapidamente da troca entre Andrea e Miranda Priestly de “O Diabo Veste Prada”. É, ainda, incrível como todos os coadjuvantes funcionam e todos possuem uma função importante ali. Existe química entre todos eles e nos afeiçoamos a essas relações e nos engenhosos planos que desenvolvem. Momentos como os do caminhão de lixo, o show na passarela ou o do vestido de insetos ficarão na memória de tão icônicos que foram. E a grande verdade é que o cinema atual carece disso, desses grandes momentos. Dessas grandes escolhas. “Cruella” é inventivo, tem personalidade e uma energia que vibra. Um espetáculo a ser apreciado!

NOTA: 9,5

País de origem: EUA
Ano: 2021
Disponível: Disney Plus
Duração: 134 minutos
Diretor: Craig Gillespie
Roteiro: Tony McNamara
, Dana Fox
Elenco: Emma Stone, Emma Thompson, Joel Fry, Paul Walter Hauser, Mark Strong