O mesmo de sempre, agora com paisagens italianas
Durante quinze anos, o ator Liam Neeson foi casado com a também atriz Natasha Richardson. A história dos dois teve um final triste, quando ela faleceu, em 2009, após sofrer um acidente de esqui, o deixando com dois filhos adolescentes. É com esse fundo que o drama açucarado “De Volta à Itália” passa a fazer mais sentido, porque nitidamente é um projeto pessoal de família e nessa jornada de luto que enfrentaram juntos. Aqui, Liam atua ao lado do filho Micheál Neeson e na trama, pai e filho retornam a Toscana para reconstruir a casa deixada pela falecida esposa e tentar, finalmente, vendê-la. Obviamente, é espaço para ambos revisitar as feridas do passado e restabelecer a conexão que perderam ao longo dos anos.
Visitamos Itália ao lado dos personagens e ficamos ali, apaixonados por cada vista que o filme nos oferece. Todas as cenas são lindas, acaloradas e despertam em nós uma vontade imensa de sair viajando. É ainda bastante interessante ver pai e filho atuando juntos, sendo assim, algo feito com muito coração, completamente diferente desse Liam Neeson que passamos a conhecer nos filmes de ação, quase que no automático. A direção fica por conta do também ator James D’Arcy, que para um produto de estreia, acaba entregando algo extremamente confortável, sem muitos riscos. Bonito e agradável de se ver, mas imensamente previsível em sua história.

“De Volta à Itália” é, infelizmente, um amontoado de clichês, onde todos os seus personagens são arquétipos já muito desgastados no cinema. O pai que se ausentou depois da morte da mãe, o filho que nunca viveu o luto, a bela italiana que se torna interesse amoroso mas tem um passado não resolvido, e por aí vai. É incrível a habilidade do roteiro em ser tão descartável, levando a sério ideias tão batidas e sem jamais se esforçar para criar algo fora da curva. Desde a primeira cena conseguimos desvendar o filme por completo e mesmo que assistimos tudo com um sorriso no rosto e com bons sentimentos, é desmotivador se manter atento a algo tão pobre de ideias. Para piorar, a resolução dos conflitos entre pai e filho acontece em uma cena tão piegas, que chega a ser difícil de assistir, tamanha vergonha que nos causa.
Apesar da previsibilidade, acaba valendo pelo carisma dos personagens e pelas situações que são narradas de forma tão leve e doce. E tem todo aquele charme italiano que nos seduz, o que nos faz assistir mesmo sabendo que já vimos esse filme milhões de outras vezes.
NOTA: 6,0
País de origem: Itália, Reino Unido, Irlanda do Norte
Ano: 2020
Título original: Made in Italy
Duração: 94 minutos
Diretor: James D’Arcy
Roteiro: James D’Arcy
Elenco: Micheál Richardson, Liam Neeson, Lindsay Duncan