Muitas intenções para um filme que se leva muito a sério

Gosto bastante do cinema do Brian Duffield que vem de obras descompromissadas e originais como “Amor e Monstros” e “Espontânea”. Ele agora retorna com um filme de extraterrestre e vem com a proposta de entregar o que provavelmente muitos admiradores do tema esperam: um ataque alienígena em que realmente acontece um ataque. A produção é simples e, no meio de sua perseguição violenta, nos revela a força de uma jovem solitária que precisa lutar por sua sobrevivência, quando não há mais ninguém ao seu lado que possa lhe salvar.

A escolha por ter quase zero diálogos e focar na ação funciona bem principalmente quando nos damos conta de que não fazem falta aqui. Tudo está na imagem e a narrativa flui sem a necessidade de grandes explicações. A protagonista não fala em nenhuma cena, não por capricho do roteiro, mas porque ela definitivamente não tem com quem dirigir a palavra. Esse silêncio, aliás, ilustra muito bem a solidão que ela se encontra. A resposta para esse seu isolamento vem ao final e não é lá muito satisfatório. É até meio tola, inclusive. Pelo menos serviu de palco para a atriz Kaitlyn Dever revelar, mais uma vez, seu enorme potencial. 

O que atrapalha “Ninguém Vai Te Salvar” é que, diferente dos outros trabalhos de Duffield, aqui ele se leva muito a sério. Demorei para entender o tom da produção e se tudo aquilo tinha realmente a intenção de ser sério e assustador. Não é, mas o filme acredita que sim. E ele vai além, acreditando ser muito profundo com os traumas da protagonista e todo seu discurso existencial/reflexivo que entrega ao final. É pura pretensão e muito forçado para uma obra que teria ganho muito mais se aceitasse ser apenas uma diversão. 

Os efeitos especiais são cruciais aqui, mas causam muita estranheza (e mais uma razão para não ter se levado tão a sério). Gosto dessa ideia de trazer os ets nessa estética clichê do bixo alongado e cinzento, mas sinto muita dificuldade em embarcar nessa tensão quando é tudo tão fake e exagerado. 

“Ninguém Vai Te Salvar” entretém e pode ser um prato cheio para quem gosta de filmes com extraterrestres e muita perseguição. Confesso que comecei bem empolgado, mas sinto que fui me frustrando a cada nova cena. Acabou ficando bem repetitivo e piora a experiência com seu atrapalhado e caótico final. Brian Duffield jurou que iria explodir a mente dos cinéfilos com aquela virada e ser tema de “finais explicados” no YouTube. Mas é só baboseira pretensiosa mesmo.

NOTA: 6,5

País de origem: Estados Unidos
Ano: 2023
Titulo original: No One Will Save You
Duração: 93 minutos
Diretor: Brian Duffield
Roteiro: Brian Duffield
Elenco: Kaitlyn Dever

Deixe uma resposta