as batalhas da vida

Filmes sobre esportes são um campo certeiro para falar sobre superação. Essa ideia do lutador que apanha no ringue da vida também já foi altamente explorada na sétima arte. É assim que “Ferida” chega com um ar de desgaste, porque já vimos essa história inúmeras outras vezes e nos primeiros minutos de produção já sabemos exatamente como ela vai seguir. Dito e feito, o longa segue a cartilha e jamais surpreende. Aqui temos a ex-lutadora decadente de MMA, Jackie “Justice” (Halle Berry), que após o retorno de seu filho pequeno, decide aceitar a oportunidade de voltar aos holofotes.

As duas grandes decisões da carreira da protagonista foram tomadas devido ao filho. É um laço inexplicável que ocorre enquanto ela, no meio do caos que é sua vida, precisa aprender a ser mãe. É bela a relação ali na tela, mesmo que saibamos exatamente como ela será costurada e concluída. Jackie é uma personagem forte, onde Halle Berry, com presença marcante, escancara o cansaço e a dor em suas feições. Ela é a lutadora que teve que fugir, que viveu com o peso do abandono, de sua própria covardia. É curioso como o roteiro quebra um pouco esse estereótipo da guerreira que enfrenta, porque ela teve que se curvar aos outros, a temer uma voz mais alta que a dela. Foi tão apedrejada na vida que precisou entender as regras, se diminuindo para se encaixar. Em “Ferida”, não há a procura por redenção. É apenas uma mulher entendendo seu lugar de fato e encontrando forças para se reerguer e chegar ao topo.

A direção aqui é da própria Halle Berry e, apesar de não trazer um olhar novo dentro desse subgênero, acerta nesse campo de visão, onde ao início, é tudo muito fechado, pouco enxergamos além da personagem central. É embaçado, escuro, desenhando uma atmosfera densa e de pouco respiro. Ao decorrer, esse campo vai se abrindo, ganhando mais visão, mais espaço, mais cores. É Jackie aceitando esse mundo e enxergando as novas possibilidades que surgem.

“Ferida” é previsível e, infelizmente, apesar da longa duração, tudo se desenvolve muito apressadamente e pouco nos convence sobre suas evoluções. Até mesmo os recortes de treinos não passam verdade. Ainda assim, comove por essa dura jornada da protagonista. Aquele clichê que muitas vezes funciona na tela e traz boas recompensas ao final. E claro, vale por ver Halle Berry em um bom momento novamente.

NOTA: 6,5

País de origem: EUA
Ano: 2021
Título original: Bruised
Duração: 132 minutos
Disponível: Netflix
Diretor: Halle Berry
Roteiro: Michelle Rosenfarb
Elenco: Halle Berry, Shamier Anderson, Sheila Atim

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