Florescendo em nova terra
O diretor Lee Isaac Chung trouxe à “Minari” muito de sua vida que, de origem coreana, precisou se mudar aos Estados Unidos na infância. É nítido o quão pessoal são os relatos narrados. É íntimo, honesto e escrito por alguém que tem muito carinho pela própria jornada. Na trama, o pai Jacob (Steven Yeun, indicado ao Oscar pelo papel), é um imigrante coreano que deseja alcançar o sonho americano. Na intenção de dar início a uma fazenda em solo fértil, ele traz toda a família, que precisa se adaptar ao novo país.
O grande ponto de ruptura acaba sendo com a chegada da avó, que vem para ajudar no cuidado com os dois filhos pequenos. A atriz Yuh-Jung Youn é fantástica e constrói uma personagem adorável em cena. Sua relação com o pequeno David é o ponto alto do filme. É divertido e gostoso de acompanhar, principalmente porque o ator Alan Kim é a coisa mais fofa do universo. Difícil esconder o sorriso quando os dois estão em cena.

Com um tom naturalista, Lee Isaac Chung constrói uma obra agradável e calorosa. Um recorte na vida de uma família que luta para se manter unida mesmo diante das dificuldades. Neste sentido, é interessante o uso da planta Minari, que nesta habilidade de germinar em qualquer solo, diz muito sobre os personagens e neste processo que enfrentam de adaptação, de ter que recomeçar em uma nova terra.
“Minari” é feito para encantar e tudo é muito articulado para isso. As paisagens, a trilha, tudo soa como uma jornada contemplativa. Temos aqui uma obra doce, mas que não assume muitos riscos. É tão sutil, mas tão sutil, que acaba sendo difícil criar algum envolvimento com aquilo que narra. É bonito e leve, mas não nos atinge. É aquela emoção que fica distante, confortável de acompanhar, mas que pouco se mantém na memória.
NOTA: 7,5
- País de origem: EUA
Ano: 2020
Título original: Minari
Duração: 106 minutos
Diretor: Lee Isaac Chung
Roteiro: Lee Isaac Chung
Elenco: Alan Kim, Steven Yeun, Yuh-Jung Youn, Will Patton