As 15 melhores atrizes de 2022

Finalizando a lista de melhores atuações de 2022 aqui na página, venho trazer esse post especial com as grandes atrizes que tivemos no ano.

Seja na comédia, no drama, no terror, essas mulheres brilharam demais no cinema. Separei, então, 15 atrizes que acredito que foram as melhores. Claro, precisei deixar excelentes atuações de fora, mas espero que gostem das selecionadas.

Lembrando que selecionei atuações apenas de filmes lançados entre janeiro e dezembro de 2022 aqui no Brasil, no cinema ou VOD, independente do lançamento original.

.

15. Aubrey Plaza
(Emily the Criminal)

Aubrey Plaza é uma atriz que tem me surpreendido positivamente. Confesso que sempre achei que ela fazia a mesma coisa, sempre presa na figura mal humorada de April Ludgate (Parks and Rec). Mas aos poucos, tem revelado novas facetas e em “Emily The Criminal” ela prova que pode ir muito além. Seu humor está ali, mas há também muita força em sua presença e honestidade ao compor essa jovem comum que busca ter uma vida melhor, mesmo que para isso cometa alguns pequenos crimes. Vai de encontro aos seus objetivos sem rodeios e nos causa uma estranha identificação, justamente porque ela está cansada demais para aceitar as coisas como são.

.

14. Taylor Russell
(Até os Ossos)

Taylor é uma jovem atriz que merece atenção. É sempre uma surpresa boa tudo o que ela esconde por trás dessa aparente doçura. Como protagonista de “Até os Ossos”, ela encanta, mesmo quando interpreta uma garota canibal. Maren está no fim da adolescência, buscando seu lugar no mundo e confrontando seus tantos medos internos. Taylor está fascinante em cena e encontra o tom certo para dar vida a um papel tão original.

.

13. Kika Sena
(Paloma)

O grande sonho de Paloma é casar, mas para isso ela precisa enfrentar o grande preconceito por ser uma mulher trans. É uma jornada delicada e muito real. Nos atinge justamente por sabermos o quão possível é tudo isso acontecer, dessa mulher não podendo viver o amor como deseja. Kika Sena entrega toda sua verdade e nos comove.

.

12. Mia Goth
(X – A Marca da Morte)

2022 foi o ano de Mia Goth, logo, não poderia deixá-la de fora dessa lista. É incrível como ela, mesmo com filmes menores, estourou a bolha e conquistou o grande público. “X” marca uma virada em sua carreira, deixando de lado qualquer dúvida que houvesse sobre seu talento. Ao interpretar duas personagens aqui, Pearl e Maxine, ela prova sua imensa versatilidade. Tem presença, carisma e tem tudo pra ser a nova queridinha do terror.

.

11. Frankie Corio
(Aftersun)

É sempre surpreendente ver essas atuações brilhantes vindas de crianças. Frankie não parece uma atriz novata, tamanha naturalidade que entrega aqui. Sua parceria com o ator Paul Mescal é uma das mais adoráveis do ano. Os dois têm muita sintonia como pai e filha, graças ao enorme talento dos dois. A sequência em que ela é ignorada no palco ao cantar “Losing My Religion” é gigante, porque precisa encarar um misto de sentimentos. Tudo o que vem dela parece um improviso e é gostoso demais de acompanhar.

.

10. Isabelle Fuhrman
(A Novata)

Para equilibrar a péssima oportunidade que teve de retornar em “A Órfã 2”, Isabelle nos agraciou com uma grande interpretação no ano. Na pele de Alex, uma caloura obcecada em ser a melhor na equipe de remo, a atriz brilha. A personagem se lança em uma busca incessante pela perfeição e Isabelle nos revela com muita intensidade essa confusão, desespero e solidão. Que venham outros papéis bons para ela!

.

9. Viola Davis
(A Mulher Rei)

Viola é um evento. Qualquer coisa que essa mulher faça, estaremos lá aplaudindo. Em “A Mulher Rei”, ela se mostra muito confortável como essa heroína valente. Seja nas cenas em que é preciso uma entrega mais corporal, seja nos instantes mais dramáticos. Viola domina todos eles.

.

8. Jessica Chastain
(Os Olhos de Tammy Faye)

Estava com o pé atrás com essa interpretação, mas quando vi entendi suas tantas premiações. Claro que sempre parece mais fácil o caminho da transformação do ator quando ele está carregado de maquiagem. Mas a verdade é que a transformação de Chastain vai muito além da aparência. Os trejeitos, postura, voz, não há nada ali que me lembre outra interpretação dela. Ela renasce para dar vida a Tammy Faye e todos os seus mais absurdos excessos. É difícil dar vida a uma figura caricata sem parecer imitação e ainda assim revelar verdade. E Chastain consegue esse feito.

.

7. Penélope Cruz
(Competição Oficial)

Uma diretora durona e com métodos excêntricos de trabalho. Essa é Lola Cuevas, que Penélope Cruz da vida com tanta graça em “Competição Oficial”. É nítido que ela se diverte em cena e, como consequência, nos divertimos muito também. É um papel cômico, exagerado e estranhamente sedutor. Só podia ser Penélope aqui.

.

6. Renate Reinsve
(A Pior Pessoa do Mundo)

É tão fácil se identificar com a trajetória de Julie em “A Pior Pessoa do Mundo”. Para quem já chegou nos 30 e sente que possui essa habilidade de se autodestruir, esse aqui vem como um soco. E que bom que temos Renate como protagonista, porque ela torna essa conexão possível. Há sensibilidade, leveza e muito sentimento em seus olhares, vindos de alguém que teve o coração partido diante das más escolhas da vida.

.

5. Anamaria Vartolomei
(O Acontecimentoi)

Outra atriz novata aqui na lista, Anamaria surpreende em “O Acontecimento”, em um dos papéis mais difíceis do ano. Aqui ela interpreta Annie, uma jovem que, ao descobrir que está grávida, busca por realizar o aborto. A grande questão é que a trama ocorre nos anos 60, onde a informação é mais escassa e o tabu ainda maior. É extremamente forte tudo o que a protagonista enfrenta e a atriz se entrega por completo. Ela carrega em seus olhares toda a dor silenciosa que Annie não pode expressar. Um trabalho arrebatador.

.

4. Maeve Jinkings
(Carvão)

Maeve é uma das grandes atrizes do cinema nacional. Ela faz de Irene, do filme “Carvão”, um retrato honesto de tantas mulheres e tantas histórias brasileiras. Nas marcas de sua pele ao olhar vazio e distante. O sotaque que imprime muito humor, mas também muita força, muita garra. Maeve é aquela atriz que pode ser qualquer coisa e ela é incrível em tudo o que faz.

.

3. Ana de Armas
(Blonde)

Muito delicado falar de Ana de Armas em “Blonde” porque se trata de um filme controverso. Um dos mais odiados e polêmicos de 2022. É fato que o retrato que o cineasta Andrew Dominik faz de Marilyn Monroe é desconfortavelmente misógino. Mas aí que entra a grandeza de Ana. Ela ilumina a obra. Incendeia. Sua transformação e entrega para o papel é comovente, porque ela se doa inteiramente. Existe um brilho a mais na atriz, um carisma diferenciado. Há algo nela que me faz lembrar as grandes estrelas do cinema. E Ana de Armas é uma dessas estrelas, das mais raras e especiais.

.

2. Emma Thompson
(Boa Sorte, Leo Grande)

Emociona quando o cinema decide contar histórias de mulheres da terceira idade. Envelhecer como atriz não é fácil, porque sabemos que portas se fecham, porque Hollywood pouco se interessa pelo o que elas têm a dizer. É então que “Boa Sorte, Leo Grande”, uma aparente comédia romântica bobinha, abre essa porta. Permite que uma atriz, no auge de sua experiência, se desnude por completo. Emma Thompson abraça essa oportunidade com força e entrega uma das atuações mais honestas e importantes do ano. Como é bom vê-la aqui. Intensa, divertida, arrogante, espontânea e tudo o que pode caber de mais complexo dentro de uma mulher. Emma é gigante e o seu lugar só pode ser no topo.

.

1. Michelle Yeoh
(Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo)

É muito estranho pensar que o fato de uma atriz asiática estar sendo ovacionada e premiada seja algo tão novo e revolucionário. Triste perceber que essa minoria seja tão desvalorizada no cinema e nunca tenha espaço para contar suas histórias. Uma das entrevistas que mais me emocionaram no ano foi de Michelle Yeoh dizendo que esperou sua vida inteira por esse papel. É sim o papel de sua carreira e é também aquele que escancara seu talento subestimado. Finalmente lhe deram voz para ser a mãe, a amante, a dona de uma loja. Tudo é possível nesse roteiro insano e Michelle se lança a essa montanha russa de sentimentos. Encara todas as oportunidades e entrega uma atuação formidável. Ela diverte, emociona e finalmente nos prova o quão grande ela é. Que muitos outros bons personagens venham para essa veterana! Ela merece o mundo!

.

E para você? Qual foi a melhor atriz de 2022?

.

Crítica | Coquetel Explosivo

A virada no jogo

Filmes de ação com estética neon tem inundado o cinema. “Atômica”, “Kate” e até mesmo “John Wick” estão aí para provar. “Coquetel Explosivo” é mais um que mistura essa roupagem com elaboradas sequências de embate corporal. O que chama a atenção nessa produção, porém, é o forte protagonismo feminino, que ganha ainda mais destaque pelo o que há nas entrelinhas do texto. A graciosidade aqui é poder ver um elenco feminino, de certa forma subestimado, ocupando um espaço que até pouco tempo atrás só era ocupado por homens. Elas estão unidas e armadas e nós estamos ao lado delas nesse confronto.

A protagonista é Sam, interpretada por Karen Gillan, uma assassina de aluguel que, após uma missão de alto risco, acaba perdendo a proteção de sua organização, além de ter que proteger uma garota de oito anos, filha de uma de suas vítimas. É então que a obra oferece uma eletrizante perseguição, colocando em cena outras mulheres que irão ajudar a personagem nessa violenta jornada. Confesso que é divertidíssimo e inesperado ver Lena Headey, Carla Gugino, Michelle Yeoh e Angela Bassett mandando ver na ação. É ótimo vê-las aqui e o filme só cresce quando estão juntas.

“Coquetel Explosivo” é, visualmente, bem inventivo. Ao explorar diversos (e belos) cenários, o longa acaba por criar um universo muito único. Passa a sensação de que estamos desbravando um mundo desconhecido, com uma lógica própria. As personagens estão sempre adentrando novas passagens, fazendo com que o filme sempre siga uma outra direção, empolgando e nos mantendo atentos. Infelizmente, porém, ainda que acerte nesse visual, a direção de Navot Papushado enfraquece a ação. É tudo muito criativo, mas falta movimento, velocidade e algo que deixasse mais crível esses embates. Essa fraca condução acaba por diminuir o potencial de diversos momentos promissores, como a sequência no boliche ou a luta dos anestesiados. Mas é uma produção que tem estilo, trazendo, ainda, uma boa seleção musical.

Teria sido ótimo ver uma mulher na direção, isso só fortaleceria seus bons discursos. “Coquetel Explosivo” faz uma interessante analogia sobre esse mundo comandado por homens. Homens poderosos que, por anos, ditaram as regras e as alteraram quando foi preciso. Esses seres intocáveis e que sempre se safaram de seus crimes. Precisa haver uma ruptura, uma virada no jogo e, ao fim, a obra traz essa visão esperançosa. A visão de que mulheres estão ocupando os espaços que antes eram negados.

NOTA: 7,5

País de origem: EUA
Ano: 2021
Título original: Gunpowder Milkshake
Duração: 114 minutos
Disponível: Prime Video
Diretor: Navot Papushado
Roteiro: Navot Papushado, Ehud Lavski
Elenco: Karen Gillan, Lena Headey, Carla Gugino, Michelle Yeoh, Angela Bassett, Paul Giamatti

Crítica | Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis

A surpresa despretensiosa da Marvel

Dando a largada na fase 4 do MCU, “Shang-Chi” é uma boa surpresa e entrega tudo sem prometer. Temos aqui um filme despretensioso, mas muito bem amarrado, correto e simpático. Por muitas vezes, enquanto o assistia, me esqueci que estava vendo algo da Marvel e, sim, isso é um elogio. Foge da fórmula óbvia e mesmo que traga algumas características em comum com os filmes do estúdio, esse tem vida própria e escapa de ser “só mais um”.

Shang-Chi (Simu Liu) é filho de um líder de um exército poderoso e milenar, mas quando jovem, decidiu fugir da obrigação de ser um guerreiro e viver uma vida comum na cidade. No entanto, após um ataque, entende que é hora de voltar e enfrentar seu passado. Toda a trama é guiada com muito cuidado pelo roteiro, que sabe inserir os flashbacks nos momentos certos, além de saber dosar humor, ação e a boa construção do universo e personagens. Tudo em cena é muito equilibrado e flui de maneira prazerosa. Ganha nossa atenção no início e jamais perde a empolgação.

Os efeitos especiais também chegam na medida e entregam sequências visualmente fantásticas. Ousaria dizer que é o filme mais bonito, graficamente, do estúdio. A maneira como eles exploram esse universo fantasioso entrelaçado à cultura chinesa garante momentos de pura contemplação. Ainda que seja um filme que fuja completamente desse cinema que Destin Cretton (Temporário 12, Luta por Justiça) tenha construído, ele se mostra à vontade aqui e surpreende.

“Shang-Chi” funciona, principalmente, porque introduz muito bem seus personagens e embarcamos ao lado de todos eles. A construção do vilão – se é que podemos chamá-lo assim, tamanha camadas que revela – tem brilhantismo e nunca é guiado pelo caminho mais fácil. É ótimo, também, poder ver Tony Leung, um grande ícone do cinema chinês, em um papel como esse e livre para falar sua própria língua, algo muito raro em Hollywood. Awkwafina é daquelas atrizes que tem uma presença forte e traz naturalidade e um humor raro. São eles a grande força do filme que, por vezes, acabam ofuscando o protagonista, que nem sempre tem destaque na própria história. Mas, ainda assim, toda a jornada da família funciona, onde o texto não esquece dessa dramaticidade e, mesmo que sempre de forma muito sutil, sabe trabalhar bem esses conflitos existentes.

Ninguém estava esperando nada e por isso é tão bom poder afirmar que “Shang-Chi” é um grande acerto. É o cinema pipoca que funciona. É a Marvel no melhor estado.

NOTA: 8,5

País de origem: EUA
Ano: 2021

Título original: Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings
Duração: 132 minutos

Disponível: Disney +
Diretor: Destin Cretton
Roteiro: David Callaham; Destin Daniel Cretton; Andrew Lanham
Elenco: Simu Liu, Awkwafina, Tony Leung, Meng’er Zhang, Michelle Yeoh, Ben Kingsley
,