Tem sido interessante acompanhar esse movimento da Netflix de lançar filmes recentes e que não tiveram o devido reconhecimento na época pela pouca (ou nula) distribuição. Aconteceu recentemente com “Upgrade”, “País da Violência” e agora com “À Espreita do Mal”. É uma produção que pode até ter suas falhas, mas facilmente se destaca no catálogo. Apesar de ter lido algumas duras críticas, confesso que super funcionou comigo. 

A obra já nos instiga em seus primeiros minutos. Seja pelos ruídos da trilha sonora ou pela boa atmosfera de tensão que se constrói, somos fisgados pela curiosidade de compreender essa inquietação que nos causa. É interessante como o filme, no início, traz indícios de um mistério sobrenatural, apostando naquele velho conceito de acontecimentos estranhos dentro de uma casa, ambientada por uma família nitidamente fragilizada. Ganha quando não usa o mistério como muleta para sua revelação final, indicando uma reviravolta intrigante que prefiro não comentar por aqui. Causa desconforto e soa como uma saída ainda melhor do que aquela que prevíamos no início. 

Acredito que o pecado de “À Espreita do Mal” é se justificar demais. Mesmo com uma boa ideia em mãos, o roteiro falha ao querer deixar tudo muito bem explicado ao público, chegando ao ponto de revelar a mesma narrativa por pontos de vistas diferentes, quando na sugestão sua trama era mais interessante. 

Ainda que não alcance por completo o potencial que tinha, é uma obra que vai se tornando cada vez mais intrigante, oferecendo um ótimo final. Subverte o terror e surpreende com os bons caminhos que segue. Funciona, principalmente, porque todos seus personagens escondem algo, uma peça crucial que, até o ato final, não sabemos dizer quais deles são os vilões e os heróis da história.

NOTA: 8

  • País de origem: EUA
    Ano: 2019
    Título original: I See You
    Disponível: Netflix
    Duração: 96 minutos
    Diretor: Adam Randall
    Roteiro: Devon Graye
    Elenco: Jon Tenney, Owen Teague, Helen Hunt, Judah Lewis

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