Melhor que a encomenda

Como já comentei por aqui, às vezes gosto de ver uns filmes apenas pelo prazer de comer minha pipoca e desligar meu cérebro. Encontramos aqui aquele embate que ninguém esperava, mas já que fizeram, vamos ver. A bem da verdade é que essa franquia é toda bagunçada e por isso digo que foi uma surpresa bem positiva esse aqui. Juntar duas produções distintas, no caso “Godzilla II: Rei dos Monstros” (2019) e “Kong: Ilha da Caveira” (2017) e tentar criar uma unidade não é das tarefas mais fáceis. Vejo, então, o belo esforço do talentoso diretor Adam Wingard em fazer essa loucura dar muito certo. É como aqueles pedidos sem noção de cliente, mas que na mão do profissional certo, acaba saindo melhor que a encomenda.

“Godzilla vs Kong” é, acima de tudo, bem divertido. É aquele cinemão blockbuster na medida. Entretém com seus exageros e, milagrosamente, funciona. Preciso ressaltar, ainda, que temos aqui um dos melhores efeitos visuais que entregaram nos últimos anos. Fazia tempo que não via efeitos tão grandiosos e tão bem aplicados como aqui. Sem aquelas luzes e movimentação de câmera que só atrapalham nossa visão. Aqui, tudo é muito claro, nítido e espanta a qualidade e realismo que alcançaram. Tá bonito de ver. Ou seja, para quem chega aqui apenas pelo embate entre King Kong e Godzilla pode ser um prato bem cheio e delicioso. Os confrontos não decepcionam e somos presenteados com sequências de ação primorosas.

Não é novidade, porém, que a franquia nunca soube como administrar os personagens humanos, chamando um elenco de peso para dar vida a um texto mequetrefe. Os reféns da vez são Rebecca Hall, Alexander Skarsgård e Demián Bichir, entre outros talentos. Ainda que todos se esforcem para extrair algo de bom dos diálogos, é uma missão nitidamente impossível. O excesso de núcleos atrapalha também o desenvolver da trama, onde nem todos possuem o mesmo carisma e atenção do roteiro. Millie Bobby Brown e sua turma de alívio cômico são completamente descartáveis, inclusive. A boa surpresa, vale destacar, acaba sendo a pequena Kaylee Hotte, atriz surda que se torna a alma e coração do filme. No entanto, ao fim, tanto a produção como nós pouco nos importamos com esses indivíduos e estamos atentos apenas por ver as criaturas gigantescas se degladiando. E esse show, meus amigos, é esplendoroso.

NOTA: 7,0

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País de origem: EUA
Ano: 2021
Duração: 113 minutos
Diretor: Adam Wingard
Roteiro: Eric Pearson, Max Borenstein
Elenco: Rebecca Hall, Alexander Skarsgård, Millie Bobby Brown, Brian Tyree Henry, Demián Bichir, Eiza Gonzáles, Kyle Chandler

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