As 15 melhores cenas de 2022

A retrospectiva continua por aqui para revelar o que teve de melhor no cinema em 2022. Venho agora listar as minhas cenas favoritas do ano.

Separei 15 momentos que, de alguma forma, me marcaram. Seja por um diálogo, pelo visual, pelas atuações. Seja pela forma como o diretor revelou aquele momento dentro do filme. Aqueles instantes que ficaram na cabeça e, por isso, merecem destaque.

Lembrando que todos os títulos citados são de produções lançadas entre janeiro e dezembro de 2022 aqui no Brasil, no cinema ou VOD, independente do lançamento no país de origem.

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15. Revelação
(Morte Morte Morte)

Seria trágico, se não fosse tão cômico. “Morte Morte Morte” traz uma situação aterrorizante, quando um grupo de “amigos” são assassinados dentro de uma mansão ao longo de um fim de semana. A cena final vem para revelar o grande mistério e, assim como toda a obra, choca pelo absurdo. Uma quebra de expectativa corajosa, porque entrega exatamente o que nenhum outro filme de terror ousaria, justamente porque não é o que o público espera. Quando as sobreviventes encontram o celular da suposta primeira vítima, assistem incrédulas o registro de sua morte. É um instante cômico e surpreendente. Para rir de nervoso.

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14. Fita métrica
(Noites Brutais)

Já na segunda parte de “Noites Brutais”, o personagem de Justin Long retorna para seu imóvel abandonado e ao chegar lá percebe que há um “puxadinho” misterioso. É então que ele decide medir aquele novo espaço. A tensão existe porque nós já sabemos o que habilita ali e vê-lo caminhando tranquilamente com sua fita métrica nos deixa imensamente apreensivos. O diretor Zach Cregger sabe como trabalhar o suspense e nos mantém hipnotizados ali, já esperando pelo pior.

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13. Monólogo na praia
(Mais Que Amigos)

Billy Eichner sempre abraçou com força esse papel do cara tagarela e áspero. Quando ele escreve “Mais Que Amigos”, é nítido que ele coloca muito de si na história. A cena em que ele vai à praia com seu “bro” é quando ele revela sua mais verdadeira essência. Longe de qualquer máscara, caricatura ou muro que ele construiu para si. É ele falando sobre ser um artista gay e como teve sua voz reduzida por tanto tempo dentro do mundo do entretenimento. Como ele precisou esperar até que histórias entre homossexuais pudessem ser lucrativas para que ele, enfim, pudesse falar sobre suas próprias vivências. É metalinguagem pura em um discurso honesto e extremamente necessário.

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12. Ensaio da Morte
(Competição Oficial)

A trama de “Competição Oficial” oferece uma metalinguagem bem saborosa e interessante. São dois atores que não se suportam, precisando dar vida a história de vingança entre dois irmãos. A cena em questão, é quando os astros precisam ensaiar o ápice do filme que vão gravar. A sequência que marcará a grande reviravolta, quando um dos irmãos assassina o outro e rouba seu lugar. É muito simbólico esse instante porque acaba refletindo muito sobre o que virá a acontecer na realidade. É fascinante também toda a construção desse momento, onde os cenários estão apenas demarcados e parece que estamos diante de uma peça de teatro, com pouca iluminação e uma atmosfera angustiante.

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11. Telescópio
(Marte Um)

“Marte Um” é um filme muito singelo e feito de muito coração também. O final deixa isso muito claro, quando a família Martins, depois de passar por vários perrengues, decide ouvir sobre os sonhos do filho mais novo, que almeja estudar astrofísica e participar de uma missão espacial. Ele, então, os leva a observar o céu com seu telescópio. É uma cena genuinamente bela, que traz finalmente um momento de paz para aqueles personagens e de esperança que eles tanto precisam.

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10. Crianças revoltadas
(Matilda: O Musical)

Nem todos os números musicais funcionam na versão de “Matilda” da Netflix. Mas se tem um que me fez me ajeitar na poltrona e dar um replay foi a sequência em que as crianças se rebelam na escola cantando “Revolting Children”. É uma coreografia assustadoramente bem coordenada, acelerada e empolgante. A câmera passeia pelos corredores do local em uma montagem fascinante.

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9. Jantar de pérolas
(Spencer)

Quando junta a trilha de Jonny Greenwood, a elegante condução de Pablo Larraín e as expressões de Kristen Stewart, temos o prato perfeito para uma cena agoniante e irretocável. É um jantar que explicita a relação conturbada entre a Princesa Diana e a família Real e, também, uma grande metáfora para os transtornos sofridos pela protagonista. Entre troca de olhares fuzilantes, ela se vê presa no local. Sufocada, ela arranca o próprio colar, deixando as pérolas caírem no prato, onde logo em seguida, as come.

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8. Trouble
(Elvis)

Eu poderia listar inúmeras cenas incríveis de “Elvis”, mas cito uma que me deixou extasiado. Quando o Rei sobe no palco para cantar “Trouble“, ele registra ali que está contra as regras, contra a ordem que rege aquela sociedade tão retrógrada. Com seus movimentos sensuais e gestos provocativos, ele leva o público à loucura, para a fúria dos policiais que acompanhavam o show e logo precisam interceder. É Elvis usando o poder de sua música para quebrar barreiras e incitando a rebeldia que muitas vezes é necessária.

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7. Naatu Naatu
(RRR)

Mais do que entregar uma música chiclete, temos aqui a cena mais fascinante de “RRR”, épico indiano da Netflix. É uma sequência musical no meio de sua aventura gloriosa, onde os dois protagonistas se unem, em uma festa, para ensinar aos convidados um passo de dança nada convencional. É um ato rebeldia ali, já que aqueles movimentos não são bem vindos na alta classe. A sequência é divertidíssima e eletrizante, onde os dois entregam uma coreografia insana e impossível de desgrudar os olhos.

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6. Última batalha
(O Homem do Norte)

O último ato da vingança de Amleth (Alexander Skarsgard), que finalmente entra em combate com seu tio. O diretor Robert Eggers faz deste instante algo esplêndido, quando os coloca para lutar pelados em um cenário devastado por lavas que queimam. O vermelho grita na tela em uma sequência pouco iluminada. A potente trilha traz ainda mais essa sensação de que estamos presenciando algo épico. Há tensão, emoção e tudo que é necessário para entregar um belíssimo clímax.

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5. Chuva de Sangue
(Não! Não Olhe!)

Um dos momentos mais tensos e brilhantes de “Nope”, quando Emerald (Keke Palmer) e Angel (Brandon Perea) estão dentro da casa e percebem que algo muito ruim está acontecendo do lado de fora. Eles começam a ouvir sons assustadores que se aproximam, como gritos desesperados. Logo depois, avistam pela janela, uma chuva de sangue acompanhada de vários objetos, como restos mortais sendo cuspidos por alguma criatura que sobrevoa a região. A trilha sonora de Michael Abels torna esse instante ainda mais impactante. Olhei para essa cena e gritei “ARTE!”.

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4. Pedras
(Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo)

Curioso como uma das cenas mais sinceras e emocionantes de “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo” seja protagonizada por duas pedras. É um filme que reúne várias sequências peculiares e essa é uma delas. Em um dos tantos universos propostos aqui, mãe e filha são duas pedras no topo de uma montanha. Ali elas tem uma pequena reflexão sobre a vida e como diante de todo universo são apenas criaturas pequenas e estúpidas.

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3. Tempo congelado
(A Pior Pessoa do Mundo)

Cansada da monotonia de seu relacionamento atual e da rotina sem emoção que segue, Julie (Renate Reinsve) vislumbra um mundo congelado. Ela sai de seu apartamento e atravessa a cidade, onde todos os moradores estão paralisados. Julie vai de encontro a única pessoa que também não teve o tempo parado, seu amante, que trabalha em um café. Eles passam um dia romântico juntos. Um dia só deles. Sem ninguém mais. Uma sequência belíssima e apaixonante, ainda que revela essa impulsividade autodestrutiva da protagonista. É leve, gostoso de ver e uma quebra interessante e fantasiosa dentro de um filme tão realista.

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2. Introdução
(Athena)

A notícia de um jovem morto por um policial dá início a uma revolta popular na França. A introdução de “Athena” nos coloca para dentro da cena, quando vemos o grupo de rebeldes em ação. Filmado em um eletrizante plano-sequência, o diretor Romain Gavras constrói ali um instante hipnotizante, imersivo e poderoso. É daqueles momentos do cinema que ficamos nos perguntando como tudo aquilo foi feito. É extremamente calculado cada passo ali e ficamos abismados com tamanha perfeição.

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1. Última dança
(Aftersun)

Começa como apenas uma cena adorável entre pai e filha, durante uma festa, quando ele a convida a dançar “Under Pressure”, clássica colaboração entre Queen e David Bowie. Uma música presente em muitos filmes, mas esse aqui trouxe uma nova perspectiva, que nos faz ouvi-la de forma diferente. A batida empolgante, de repente, ganha contornos mais dramáticos. “Você pode nos dar mais uma chance?”. “Esta é nossa última dança”. Essas frases ecoam em nós como um soco diante do que acontece ali. É o presente devastado tentando abraçar o passado incompreendido. É uma filha buscando seu pai, tentando viver aquela última lembrança com novos olhos. Uma cena incrível, que nos toca e causa um impacto gigante em nós.

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E para você? Qual a sua cena favorita de 2022?

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As 15 melhores atrizes de 2022

Finalizando a lista de melhores atuações de 2022 aqui na página, venho trazer esse post especial com as grandes atrizes que tivemos no ano.

Seja na comédia, no drama, no terror, essas mulheres brilharam demais no cinema. Separei, então, 15 atrizes que acredito que foram as melhores. Claro, precisei deixar excelentes atuações de fora, mas espero que gostem das selecionadas.

Lembrando que selecionei atuações apenas de filmes lançados entre janeiro e dezembro de 2022 aqui no Brasil, no cinema ou VOD, independente do lançamento original.

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15. Aubrey Plaza
(Emily the Criminal)

Aubrey Plaza é uma atriz que tem me surpreendido positivamente. Confesso que sempre achei que ela fazia a mesma coisa, sempre presa na figura mal humorada de April Ludgate (Parks and Rec). Mas aos poucos, tem revelado novas facetas e em “Emily The Criminal” ela prova que pode ir muito além. Seu humor está ali, mas há também muita força em sua presença e honestidade ao compor essa jovem comum que busca ter uma vida melhor, mesmo que para isso cometa alguns pequenos crimes. Vai de encontro aos seus objetivos sem rodeios e nos causa uma estranha identificação, justamente porque ela está cansada demais para aceitar as coisas como são.

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14. Taylor Russell
(Até os Ossos)

Taylor é uma jovem atriz que merece atenção. É sempre uma surpresa boa tudo o que ela esconde por trás dessa aparente doçura. Como protagonista de “Até os Ossos”, ela encanta, mesmo quando interpreta uma garota canibal. Maren está no fim da adolescência, buscando seu lugar no mundo e confrontando seus tantos medos internos. Taylor está fascinante em cena e encontra o tom certo para dar vida a um papel tão original.

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13. Kika Sena
(Paloma)

O grande sonho de Paloma é casar, mas para isso ela precisa enfrentar o grande preconceito por ser uma mulher trans. É uma jornada delicada e muito real. Nos atinge justamente por sabermos o quão possível é tudo isso acontecer, dessa mulher não podendo viver o amor como deseja. Kika Sena entrega toda sua verdade e nos comove.

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12. Mia Goth
(X – A Marca da Morte)

2022 foi o ano de Mia Goth, logo, não poderia deixá-la de fora dessa lista. É incrível como ela, mesmo com filmes menores, estourou a bolha e conquistou o grande público. “X” marca uma virada em sua carreira, deixando de lado qualquer dúvida que houvesse sobre seu talento. Ao interpretar duas personagens aqui, Pearl e Maxine, ela prova sua imensa versatilidade. Tem presença, carisma e tem tudo pra ser a nova queridinha do terror.

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11. Frankie Corio
(Aftersun)

É sempre surpreendente ver essas atuações brilhantes vindas de crianças. Frankie não parece uma atriz novata, tamanha naturalidade que entrega aqui. Sua parceria com o ator Paul Mescal é uma das mais adoráveis do ano. Os dois têm muita sintonia como pai e filha, graças ao enorme talento dos dois. A sequência em que ela é ignorada no palco ao cantar “Losing My Religion” é gigante, porque precisa encarar um misto de sentimentos. Tudo o que vem dela parece um improviso e é gostoso demais de acompanhar.

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10. Isabelle Fuhrman
(A Novata)

Para equilibrar a péssima oportunidade que teve de retornar em “A Órfã 2”, Isabelle nos agraciou com uma grande interpretação no ano. Na pele de Alex, uma caloura obcecada em ser a melhor na equipe de remo, a atriz brilha. A personagem se lança em uma busca incessante pela perfeição e Isabelle nos revela com muita intensidade essa confusão, desespero e solidão. Que venham outros papéis bons para ela!

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9. Viola Davis
(A Mulher Rei)

Viola é um evento. Qualquer coisa que essa mulher faça, estaremos lá aplaudindo. Em “A Mulher Rei”, ela se mostra muito confortável como essa heroína valente. Seja nas cenas em que é preciso uma entrega mais corporal, seja nos instantes mais dramáticos. Viola domina todos eles.

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8. Jessica Chastain
(Os Olhos de Tammy Faye)

Estava com o pé atrás com essa interpretação, mas quando vi entendi suas tantas premiações. Claro que sempre parece mais fácil o caminho da transformação do ator quando ele está carregado de maquiagem. Mas a verdade é que a transformação de Chastain vai muito além da aparência. Os trejeitos, postura, voz, não há nada ali que me lembre outra interpretação dela. Ela renasce para dar vida a Tammy Faye e todos os seus mais absurdos excessos. É difícil dar vida a uma figura caricata sem parecer imitação e ainda assim revelar verdade. E Chastain consegue esse feito.

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7. Penélope Cruz
(Competição Oficial)

Uma diretora durona e com métodos excêntricos de trabalho. Essa é Lola Cuevas, que Penélope Cruz da vida com tanta graça em “Competição Oficial”. É nítido que ela se diverte em cena e, como consequência, nos divertimos muito também. É um papel cômico, exagerado e estranhamente sedutor. Só podia ser Penélope aqui.

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6. Renate Reinsve
(A Pior Pessoa do Mundo)

É tão fácil se identificar com a trajetória de Julie em “A Pior Pessoa do Mundo”. Para quem já chegou nos 30 e sente que possui essa habilidade de se autodestruir, esse aqui vem como um soco. E que bom que temos Renate como protagonista, porque ela torna essa conexão possível. Há sensibilidade, leveza e muito sentimento em seus olhares, vindos de alguém que teve o coração partido diante das más escolhas da vida.

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5. Anamaria Vartolomei
(O Acontecimentoi)

Outra atriz novata aqui na lista, Anamaria surpreende em “O Acontecimento”, em um dos papéis mais difíceis do ano. Aqui ela interpreta Annie, uma jovem que, ao descobrir que está grávida, busca por realizar o aborto. A grande questão é que a trama ocorre nos anos 60, onde a informação é mais escassa e o tabu ainda maior. É extremamente forte tudo o que a protagonista enfrenta e a atriz se entrega por completo. Ela carrega em seus olhares toda a dor silenciosa que Annie não pode expressar. Um trabalho arrebatador.

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4. Maeve Jinkings
(Carvão)

Maeve é uma das grandes atrizes do cinema nacional. Ela faz de Irene, do filme “Carvão”, um retrato honesto de tantas mulheres e tantas histórias brasileiras. Nas marcas de sua pele ao olhar vazio e distante. O sotaque que imprime muito humor, mas também muita força, muita garra. Maeve é aquela atriz que pode ser qualquer coisa e ela é incrível em tudo o que faz.

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3. Ana de Armas
(Blonde)

Muito delicado falar de Ana de Armas em “Blonde” porque se trata de um filme controverso. Um dos mais odiados e polêmicos de 2022. É fato que o retrato que o cineasta Andrew Dominik faz de Marilyn Monroe é desconfortavelmente misógino. Mas aí que entra a grandeza de Ana. Ela ilumina a obra. Incendeia. Sua transformação e entrega para o papel é comovente, porque ela se doa inteiramente. Existe um brilho a mais na atriz, um carisma diferenciado. Há algo nela que me faz lembrar as grandes estrelas do cinema. E Ana de Armas é uma dessas estrelas, das mais raras e especiais.

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2. Emma Thompson
(Boa Sorte, Leo Grande)

Emociona quando o cinema decide contar histórias de mulheres da terceira idade. Envelhecer como atriz não é fácil, porque sabemos que portas se fecham, porque Hollywood pouco se interessa pelo o que elas têm a dizer. É então que “Boa Sorte, Leo Grande”, uma aparente comédia romântica bobinha, abre essa porta. Permite que uma atriz, no auge de sua experiência, se desnude por completo. Emma Thompson abraça essa oportunidade com força e entrega uma das atuações mais honestas e importantes do ano. Como é bom vê-la aqui. Intensa, divertida, arrogante, espontânea e tudo o que pode caber de mais complexo dentro de uma mulher. Emma é gigante e o seu lugar só pode ser no topo.

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1. Michelle Yeoh
(Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo)

É muito estranho pensar que o fato de uma atriz asiática estar sendo ovacionada e premiada seja algo tão novo e revolucionário. Triste perceber que essa minoria seja tão desvalorizada no cinema e nunca tenha espaço para contar suas histórias. Uma das entrevistas que mais me emocionaram no ano foi de Michelle Yeoh dizendo que esperou sua vida inteira por esse papel. É sim o papel de sua carreira e é também aquele que escancara seu talento subestimado. Finalmente lhe deram voz para ser a mãe, a amante, a dona de uma loja. Tudo é possível nesse roteiro insano e Michelle se lança a essa montanha russa de sentimentos. Encara todas as oportunidades e entrega uma atuação formidável. Ela diverte, emociona e finalmente nos prova o quão grande ela é. Que muitos outros bons personagens venham para essa veterana! Ela merece o mundo!

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E para você? Qual foi a melhor atriz de 2022?

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Os 15 melhores atores de 2022

Continuando com a retrospectiva de 2022, venho apresentar os meus atores favoritos do ano.

Tivemos algumas grandes revelações de atores novatos, como também tivemos a chance de ver alguns veteranos brilharem novamente. Foi um ano bem interessante para as atuações masculinas, o que tornou bem difícil fechar essa lista em apenas 15 nomes.

Espero que gostem dos selecionados e comentem qual foi a favorita de vocês!

Lembrando que selecionei atuações apenas de filmes lançados entre janeiro e dezembro de 2022 aqui no Brasil, no cinema ou VOD, independente do lançamento original.

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15. Vincent Lindon
(Titane)

“Titane” é um filme bem maluco e precisava de um excelente ator para fazer essa insanidade funcionar. Vincent interpreta Vincent, um homem que injeta esteróides para salvar seu corpo do envelhecimento, enquanto luta pela dor de ter perdido um filho no passado. É um personagem ferido e que externaliza suas dores através de sua força e fúria. Uma performance marcante de um grande ator.

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14. Justin Chon
(Blue Bayou)

Justin também escreve e dirige o drama “Blue Bayou”, o que torna sua atuação ainda mais interessante. Ele é incrível em todas as funções que ocupa aqui e prova ser um talento a ser descoberto. É nítido o quão pessoal é esse projeto para o ator, que entrega muita honestidade em todos os seus dolorosos discursos. O final é arrebatador e ele nos destrói.

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13. Alexander Skarsgård
(O Homem do Norte)

Confesso que eu sempre esqueço que o Alexander é um grande ator. Toda vez que ele ressurge eu penso: “Ah, verdade! Ele atua muito bem mesmo”. Talvez porque ele já tenha se metido em projetos duvidosos, mas quando ele tem a chance de fazer algo realmente bom, o cara se destaca. Em “O Homem do Norte”, ele nos revela toda a garra de seu bravo protagonista, atormentado pelo passado, sedento por vingança. Sua presença é forte e nos carrega ao seu lado nessa jornada violenta.

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12. Peter Dinklage
(Cyrano)

Peter já havia dado vida a Cyrano nos palcos e agora tem a chance de mostrar ao grande público o carinho que tem pelo personagem. Um homem que, por acreditar não ser digno do amor, se esconde nas cartas que envia à sua donzela, fingindo ser outra pessoa e vivendo sempre distante da felicidade. Além de revelar ser um excelente cantor, afinal estamos falando de um musical, Peter faz de Cyrano uma figura adorável e apaixonante. Deposita ali muito sentimento e facilmente nos emociona.

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11. Dev Patel
(A Lenda do Cavaleiro Verde)

Gawain não tem nada de herói e é justamente isso que torna sua jornada tão interessante. Distante da bravura e lealdade que sempre lemos nas histórias sobre a Távola Redonda, ele é covarde, fraco e cheio de dúvidas. Ele é humano. Dev Patel faz de Gawain um indivíduo estranhamente fascinante, que caminha sempre atormentado por suas escolhas, pelo peso de ser quem é, receoso sobre o que o futuro lhe aguarda. 

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10. Oscar Martínez
(Competição Oficial)

No meio da insana e divertida metalinguagem de “Competição Oficial”, o ator argentino Oscar Martínez brilha como o ator Iván Torres, um renomado astro do cinema que precisa encarar um excêntrico ensaio para seu novo filme. Nesse tempo ele precisa se desconstruir e se desprender de seu enorme ego. Oscar nos convence ser essa persona amarga e obcecada pela perfeição. Um grande personagem entregue a um grande ator. Não poderia dar errado.

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9. Denzel Washington
(A Tragédia de Macbeth)

O veterano Denzel Washington tem a chance de ouro aqui. É aquele papel do sonho de qualquer profissional e ele agarra com bravura, estando sempre a altura do difícil texto que proclama. Como Lorde Macbeth, o ator nos relembra o tamanho de seu talento e fazia tempo que ele não tinha uma oportunidade tão rica como esta.

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8. Felix Kammerer
(Nada de Novo no Front)

É bastante desesperador acompanhar a guerra pelos olhos do soldado Paul. Se de início, ele é apenas um jovem sonhador, acreditando estar agindo como herói, assim que pisa nas trincheiras destroçadas, sua expressão se apaga. Felix entrega uma atuação brutal, intensa e que acaba dizendo muitos com seus olhares.

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7. Paul Mescal
(Aftersun)

Eu diria que é impossível não se envolver com o Paul Mescal em “Aftersun”. Impossível não ficar com ele na mente, muito tempo depois que o filme termina. Seu personagem nos envolve e, ao fim, nos faz revirar tudo o que vimos para tentar entendê-lo melhor, buscar detalhes que nos passaram despercebidos. É como se ele fosse próximo de nós. Um ente querido, um amigo do qual recordamos com carinho. Uma performance muito singela, comovente. Paul é uma revelação.

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6. Javier Bardem
(O Bom Patrão)

Me vi com um sorriso nervoso enquanto assistia “O Bom Patrão”. É um retrato poderoso e extremamente atual sobre o mundo corporativo. Como chefe de uma fábrica de balanças, Javier nos faz sentir um turbilhão de emoções. É uma mistura de asco e raiva, mas também de admiração por ver um ator veterano tão entregue e tão à vontade no papel. É desconfortavelmente cômico, real e ele nos fisga. Ele faz aqui um protagonista incomum, onde nos deixa vidrados por suas ações inescrupulosas e torcendo por sua desgraça.

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5. Amir Jadidi
(Um Herói)

“Um Herói” atacou a minha ansiedade. A obra nos faz sentir sentimentos diversos diante de sua trama que corre como se a qualquer minuto uma bomba pudesse explodir. A poderosa presença de Amir Jadidi faz dessa experiência ainda mais intensa e emotiva. Há algo de muito único em seu olhar e sua postura. Ele é um cara comum, querendo recuperar sua vida depois de ser preso injustamente. Seu sorriso de alguém que quer sempre acreditar no melhor nos golpeia com força. Uma atuação delicada e extremamente humana.

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4. Antonio Banderas
(Competição Oficial)

Bandeira dá vida a Félix Rivero, um astro do cinema que está prestes a lançar um novo filme. Ele tem uma reputação a zelar e um método de atuação nada convencional. Banderas está à vontade no papel e nos diverte. Ele explora muito bem todas as possibilidades aqui e entrega uma performance espetacular. O monólogo dele quando inventa sofrer de uma doença terminal é de arrepiar.

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3. Stephen Graham
(O Chef)

“O Chef” tem um roteiro eletrizante que não nos permite escapar nem por um segundo. Ficamos ali vidrados por cada passo dos atores, isso porque é filmado em um único take. É um desafio e tanto para o britânico Stephen Graham que não se pode dar o luxo da falha. É ele quem nos guia pelos espaços de um restaurante, vivendo a pressão de uma noite de trabalho. Ele precisa segurar os ânimos de todo mundo, manter aquele lugar de pé e ainda enfrentar seus tantos medos internos. Ele é um furacão.

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2. Franz Rogowski
(Great Freedom)

Um dos personagens que mais comoveram em 2022. Franz é um ator brilhante e me fez querer, a todo momento, entrar ali na tela e abraçá-lo e dizer que vai ficar tudo bem. Ele interpreta Hans, que em uma Alemanha pós-guerra, é repetidamente preso ao longo dos anos por ser homossexual. Um papel poderoso e que representa tantas histórias silenciadas. Me vi com os olhos marejados e com o coração apertado diante de sua presença. É belo e único o que ele faz aqui.

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1. Austin Butler
(Elvis)

Desde que vi as imagens e posteriormente o trailer, em nada Austin me convencia que poderia ser o Elvis Presley. Não só por não parecer fisicamente com o ícone da música, mas algo não encaixava. Ao final do filme eu estava trêmulo, simplesmente hipnotizado por aquela performance. É muito difícil fazer o Elvis porque ele é uma figura excêntrica e já foi alvo de muitas imitações. Distante de qualquer caricatura, Austin traz verdade. Traz sentimento. Não apenas pela voz e por seu rigoroso trabalho corporal, mas também por sua energia, por sua presença que ocupa os espaços e que nos faz acreditar, durante aqueles preciosos minutos, de que sim…ele é o Elvis.

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E para você? Qual foi o melhor ator de 2022?

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Os 10 melhores atores coadjuvantes de 2022

Esta semana, aqui no site, postarei algumas listas revelando minhas atuações favoritas de 2022. E para dar start nessa retrospectiva, vou começar pelas grandes performances masculinas em papéis coadjuvantes.

É incrível quando nos deparamos com aqueles personagens de suporte dentro da trama que acabam roubando a cena. Que por vezes, pela excelente entrega do ator, acabam se tornando maiores do que deveriam.

Selecionei, então, 10 atores coadjuvantes que, ao meu ver, se destacaram durante o ano!

Lembrando que selecionei atuações apenas de filmes lançados entre janeiro e dezembro de 2022 aqui no Brasil, no cinema ou VOD, independente do lançamento em seus respectivos países de origem.

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10. Theo Rossi
(Emily the Criminal)

Apesar do caráter duvidoso de seu personagem, a verdade é que nos afeiçoamos à Theo Rossi em “Emily The Criminal”. É ele quem vai guiar a protagonista a cometer pequenos crimes para sobreviver, mas ele também tem seus sonhos e um coração ainda muito vivo. Sua presença é carismática e estranhamente nos faz torcer por ele, ainda que duvidamos dele o tempo todo.

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9. Anthony Hopkins
(Armageddon Time)

Poucas coisas funcionaram no drama “Armageddon Time” e a atuação de Anthony Hopkins definitivamente foi uma delas. É incrível o poder que o veterano tem em cena, transformando cada pequeno diálogo em um momento a ser apreciado. Ele engrandece a obra, sem muito esforço.

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8. Jean De Almeida Costa
(Carvão)

Atuações mirins tendem a ser pouco valorizadas no cinema. É uma pena porque existem aqueles naturalmente bons e que roubam a cena, mesmo em um elenco dominado por adultos. Esse é o caso do pequeno Jean de Almeida Costa que se destaca no filme “Carvão”. Filho da família onde a ação ocorre, ele arranca nosso riso fácil mesmo quando o humor não é o foco. Existe uma espontaneidade admirável, como se ele vivesse realmente aquela vida. Há muita força em seu olhar também.

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7. Paul Dano
(Batman)

Paul Dano é um dos atores mais subestimados do cinema atual. Ele sempre entrega atuações marcantes, mesmo quando seu papel é pequeno. Em “Batman”, ele faz de Charada um personagem altamente intrigante, que nos hipnotiza. Ele não busca uma caracterização estereotipada, revelando algo novo e que mexe com os nossos nervos. Uma pena que não apareça tanto, mas quando ele surge em cena, é impossível prestar atenção em outra coisa.

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6. Eddie Redmayne
(O Enfermeiro da Noite)

Nunca gostei muito do Eddie Redmayne, que pra mim sempre trouxe atuações exageradas e sempre fora do tom. Dito isso, me surpreende muito vê-lo em “O Enfermeiro da Noite”, onde ele finalmente entrega algo sutil, mas imensamente poderoso. Aqui ele interpreta o serial killer Charles Cullen, que assassinou dezenas de pacientes nos hospitais em que trabalhou. É um personagem complexo e que ele torna ainda mais interessante. Seus tantos trejeitos somem para dar vida ao personagem, que vai se transformando diante de nossos olhos, conforme a trama vai nos revelando sua verdadeira identidade. Uma composição certeira e assustadora.

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5. Brian Tyree Henry
(Passagem)

É curioso como “Passagem” prometia ser o retorno de Jennifer Lawrence e acabou sendo o palco para Brian Tyree Henry finalmente provar seu grande talento. Na pele do mecânico James, que auxilia na jornada pós traumática da protagonista, ele entrega uma atuação contida, mas comovente e delicada. Seus relatos trazem honestidade e facilmente acreditamos nas dores daquele frágil homem.

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4. Anders Danielsen Lie
(A Pior Pessoa do Mundo)

O palco de “A Pior Pessoa do Mundo” é todo da protagonista, mas é inegável que o charme e delicadeza do norueguês Anders Danielsen Lie chamam a atenção, principalmente na reta final da obra, quando seu personagem revela sofrer de uma doença terminal. Os discursos finais são imensamente comoventes devido a entrega do ator.

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3. Ke Huy Quan
(Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo)

Uma grande atuação que ninguém esperava encontrar no ano, vinda de um ator que por anos se manteve afastado dos holofotes. Muito provavelmente nem Ke Huy Quan acreditava no alcance que sua atuação teria em “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”. Devido ao riquíssimo texto da obra, ele tem a chance de viver todas as vidas possíveis aqui dentro e ele abraça com muito sentimento todas elas. Seu carisma e senso de humor enchem a tela, mas é seu coração que torna sua atuação tão grande. Ele se transforma em cada segundo e nos convence em todos eles.

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2. Sean Harris
(O Desconhecido)

Sean Harris é aquele ator que está no elenco de vários filmes, mas nunca nos damos conta. Não por ele ser esquecível, mas porque ele é bom demais e dificilmente conectamos uma interpretação sua a outra. Em “O Desconhecido”, ele dá vida à homem misterioso e principal suspeito de um assassinato. Sua presença traz um sentimento pesado, negativo, como se estivéssemos, de fato, observando os passos e ações de um criminoso. Sua composição é brilhante, nos amedronta e nos faz ter a certeza do grande ator que ele é (e ainda muito subestimado).

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1. Mark Rylance
(Até os Ossos)

É exatamente o tipo de papel que eu jamais imaginei o Mark Rylance fazendo e que, depois de assisti-lo, será difícil desvincular sua imagem a ele. O veterano é um camaleão e, ainda assim, ele nos surpreende aqui. Como o canibal Sully, ele nos provoca e nos faz ter um asco enorme por sua presença. Cada trejeito e cada detalhe de sua performance nos causa uma sensação ruim, de algo repugnante. Convence demais e, por isso, o primeiro lugar não poderia ser outro.

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E para você? Qual foi o grande ator coadjuvante de 2022?

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