a visão superficial de ben affleck sobre a criação da marca Air Jordan
A parceria de Ben Affleck e Matt Damon sempre garantiu boas produções. De “Gênio Indomável” à “O Último Duelo”, eles sempre tinham algo interessante a dizer. “Air” me soa como uma quebra gritante de qualidade nessa jornada que ambos traçaram juntos. Parece mais um produto feito por demanda de uma grande marca do que interesse em construir algo, de fato, relevante. É extremamente superficial a forma como revela sua história e personagens, se sustentando apenas pelo carisma do elenco.
Interessante quando o cinema pega uma história simples e consegue construir um grande filme em cima dela. Não é este o caso. O evento no qual se baseia é histórico, mas é enfraquecido por um texto que simplifica a trama o máximo que pode. Opta em não se aprofundar nos detalhes, revelando tudo de forma rasa e estereotipada. Leve e simpático sim, mas imensamente preguiçoso ao contar os acontecimentos por trás da criação da marca Air Jordan. A intenção aqui é mostrar os trâmites dos profissionais que lutaram para que Michael Jordan, o atleta mais respeitado do esporte, se tornasse a cara da Nike.

A grande conquista de Sonny, nosso bravo protagonista interpretado por Matt Damon, foi deixar a empresa rica em que ele trabalha mais rica. Porém, “Air” vende esse desgaste profissional como um discurso inspirador sobre lutar pelo o que se acredita. Entendo a importância desse ato na história do esporte e como esse contrato revolucionou o marketing, no entanto, para um filme biográfico, que busca revelar os rostos daqueles por trás disso – e não o de Michael Jordan – é muito pobre no desenvolvimento de tudo. Não há motivação alguma além da ganância corporativa, o que enfraquece todos os personagens. Porque eles respiram a Nike e não são nada além de funcionários. Tanto que os cenários se resumem ao interior da empresa e estacionamento da empresa. Como consequência disso, mesmo quando o longa termina, continuamos sem saber quem foram esses indivíduos.
O que sustenta a obra, definitivamente, é o elenco. E não porque os atores estão incríveis, mas porque funcionam muito bem juntos. Existe muito carisma ali, o que torna o filme bastante agradável de se assistir, mas sinto que todos eles estão bastante confortáveis em seus papéis, reprisando o que já fizeram antes. Viola Davis, ainda assim, acaba sendo o grande destaque. Ben Affleck, por sua vez, me fez questionar quando foi que ele desistiu de atuar. Está sempre cansado e agindo como se estivesse dentro de alguma paródia, fazendo uma versão caricata de si mesmo.
“Air” é um filme pobre. E não porque é simples, mas porque se contenta com o básico, em contar superficialmente o necessário. As grandes ideias dos personagens surgem em conversas de dois minutos e as conquistas acontecem sem grandes esforços. É preguiçoso, piegas e conta ainda com uma direção burocrática de Ben Affleck, que precisa filmar a fachada externa de todos os locais para entendermos onde a cena acontece e colocar umas músicas legais nas transições para camuflar a falta de vida que sua obra tem. Um produto genérico que se vende como inspirador quando só o que entrega é um lamentável discurso corporativo que somente as lideranças se beneficiam. Não me surpreenderia em logo mais ver textos sobre “Air” no LinkedIn.

NOTA: 6,0
País de origem: Estados Unidos
Ano: 2023
Titulo original: Air
Duração: 112 minutos
Disponível: Prime Video
Diretor: Ben Affleck
Roteiro: Alex Convery
Elenco: Matt Damon, Ben Affleck, Viola Davis, Jason Bateman, Chris Tucker, Jason Bateman, Marlon Wayans, Matthew Maher