Aventura em posição de conforto

Enquanto assistia “Cidade Perdida” me vi refletindo o quanto, atualmente, comédias românticas são raras. Ainda mais essas bobas, leves e que nos fazem esquecer completamente a realidade. Temos aqui uma produção muito bem conduzida pelos diretores Aaron Nee e Adam Nee e que diverte do começo ao fim. Ao menos, me manteve com sorriso no rosto e uma sensação boa de estar assistindo algo completamente despretensioso.

Além disso, é muito bom poder ver Sandra Bullock à frente disso. Eu, que nasci nos anos 90, vejo nela uma das maiores estrelas das comédias românticas que estavam presentes em minha infância e adolescência e que eu tanto gostava de ver na TV. Claro, o tempo passou, e ela claramente não tem a mesma empolgação de antes. Sandra parece se divertir sim, mas está no automático e isso, infelizmente, enfraquece o filme. Porque é ela numa repetição de outros papéis, vivendo situações – seja da mulher comportada sendo obrigada a viver uma nova realidade e que possui um passado triste, seja do humor baseado em vestir uma roupa esquisita – que já vimos muitas outras vezes. O mesmo acontece com seu parceiro de cena. Channing Tatum dupla muito bem com a atriz, mas é ele sendo ele mesmo. Tudo isso gera uma certa previsibilidade na obra e uma constante sensação de déjà vu. Divertido, mas não tem frescor.

Em “Cidade Perdida”, Sandra dá vida para a autora Loretta Sage, famosa por escrever uma saga de aventura e romance, cujas capas são estreladas pelo modelo Alan Dash, que incorpora o personagem heroico escrito por ela. Durante a turnê de divulgação de seu novo livro, Loretta é raptada por um bilionário (Daniel Radcliffe) para que ela o guie a achar um tesouro na real cidade perdida descrita em seu livro. É então que a obra tem essa inusitada virada, onde a escritora, que cria universos em seu quarto, precisa, enfim, viver algo verdadeiro. A troca entre os protagonistas funciona nessa enrascada, principalmente porque Alan está distante de ser o estereótipo do macho alfa salvador. A inteligência e coragem vem dela e o que ele busca é poder estar à altura de sua parceira. Apesar dos atores funcionarem juntos, a verdade é que o romance não funciona e nunca torcemos para a junção do casal.

Um dos pontos altos aqui, sem dúvidas, é a participação de Brad Pitt. Poderia ser uma grande surpresa, mas infelizmente já foi revelado nos trailers. Daniel Radcliffe se sai bem como o vilão e Da’vine Joy Randolph, como sempre, uma boa adição. A interação entre esses personagens garante bons momentos, assim como a ação que, apesar de acontecer em uma floresta extremamente fake, entretém.

É curioso – hoje – pensar que “Cidade Perdida” teria sido um grande sucesso se lançado no streaming. Tem o padrão Netflix, inclusive, e facilmente seria um hit por lá. Já no cinema, é uma comédia que facilmente esquecemos, também porque pouco gera assunto. Gostoso de ver sim, mas tudo muito bobo, sem novidade e um roteiro que pouco se arrisca, apostando o bom resultado nas costas de seus atores principais, confortáveis demais naquilo que já fizeram bem outras vezes.

NOTA: 7,0

País de origem: EUA
Ano: 2022

Título original: The Lost City
Duração: 112 minutos
Disponível: Cinema
Diretor: Aaron Nee, Adam Nee
Roteiro: Dana Fox
Elenco: Sandra Bullock, Channing Tatum, Daniel Radcliffe, Da’Vine Joy Randolph, Brad Pitt

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