A homenagem tediosa de Spielberg
Sempre fiquei com o pé atrás com esse remake. Revisitar um clássico do cinema é sempre um passo muito arriscado. A questão é que dessa vez temos um diretor competente à frente de tudo isso e Steven Spielberg, que nunca dirigiu um musical para o cinema, surge como se tivesse feito isso a vida toda. É espantoso a qualidade técnica que ele alcança, entregando um filme majestoso e, também, uma homenagem ao original de 1968 e ao compositor Stephen Sondheim, um dos maiores nomes do teatro musical.
“Amor, Sublime Amor”, de fato, parece uma imensa peça de teatro filmada. Seja pelos cenários, ambientações e iluminação, tudo remete a algo feito em estúdio fechado, construído para aquela encenação. Visualmente belo, o longa também chama a atenção pelas ágeis coreografias e pelas surpreendentes movimentações de câmera que passeiam por aqueles espaços.

No entanto, ainda que tudo seja lindo de se ver, a obra segue engessada nessa intenção de homenagem, de respeitar o que um dia foi criado. Spielberg faz uma revisita tão correta que entendia. Sou um grande admirador de musicais e sempre vi o gênero como algo que explode na tela, que inspira e nos faz acreditar no inacreditável. “Amor, Sublime Amor” não traz nada disso. É apenas um quadro bem pintado, mas tão sóbrio e calculado que nunca ganha vida. Tudo bem filmado sim, mas nenhuma cena me fez vibrar ou sentir algo além do tédio.
Confesso que nunca gostei do original e sigo não gostando aqui, ainda que eu ache essa versão menos pior. A trama das gangues na Nova York da década de 50 ainda continua muito datada, onde o roteiro insiste em equiparar, de forma equivocada, a luta dos porto-riquenhos em solo americano, com os jovens brancos imigrantes que estão perdendo oportunidades. E esse retorno à trama ainda me soa completamente fora da validade. Ao menos, acerta ao trazer um elenco, de fato, diverso. A clássica história de amor de Tony e Maria funciona pela entrega dos dois jovens atores Rachel Zegler e Anson Elgort, mas força bastante em situações como quando transam depois de uma grande tragédia familiar. Fica difícil torcer pelos dois. Destaque também para os coadjuvantes Ariana DeBose e Mike Faist, que aqui roubam a cena.
Entendo e respeito a opinião de todos que estão amando a produção. Queria muito fazer parte desse time. Infelizmente, é uma obra que não funciona para mim. Tecnicamente impecável, mas que me causa muito mais cansaço do que paixão.
NOTA: 6,5

País de origem: Estados Unidos
Ano: 2022
Título original: West Side Story
Duração: 156 minutos
Disponível: Star+
Diretor: Steven Spielberg
Roteiro: Tony Kushner
Elenco: Rachel Zegler, Ansel Elgort, Mike Faist, Ariana DeBose, Rita Moreno, Corey Stoll