A vida que existe em nossa ausência

“A Jornada” traz uma perspectiva bastante nova sobre viagem espacial e foi isso que me deixou imensamente fascinado durante seus belos minutos. Dirigido por Alice Winocour, o longa mostra os preparativos de uma missão de maneira crua, realista, distante do glamour hollywoodiano que conhecemos. É incrível acompanhar a rotina dos profissionais, ver os equipamentos, os ambientes que frequentam, os sons, sem a necessidade de efeitos visuais ou aquela visão antiquada do herói. A diretora revela sua trama por um olhar intimista através de sua forte protagonista, defendida pela ótima Eva Green.

A trama foca em Sarah, uma astronauta que precisa deixar sua filha pequena para realizar uma viagem espacial. O roteiro explora muito bem esse momento de decisão e rompimento, desta mãe precisando se desconectar daquilo que é uma extensão sua. É poderoso como é mostrado esse vínculo entre mãe e filha. Existe uma força gigante e indescritível que conecta as duas. A cena em que elas conversam através de uma parede de vidro é fantástica e sintetiza bem essa ideia. O longa revela, ainda, o machismo existente na profissão e como ela, além de ter que lidar com muito mais pressão, é sempre vista como a mulher que abandona enquanto os homens apenas estão vivendo o grande sonho.

É uma jornada solitária, de sentimentos que somente a protagonista pode entender. Uma viagem arriscada, o que resulta em uma sensação de despedida de tudo aquilo que conhece. De se entregar a dor de descobrir que as pessoas que ficam podem muito bem viver sem ela.

NOTA: 9

  • País de origem: Alemanha, França
    Ano: 2019
    Título Original: Proxima
    Disponível: Telecine Play
    Duração: 107 minutos
    Diretor: Alice Winocour
    Roteiro: Alice Winocour, Jean-Stéphane Bron
    Elenco: Eva Green, Matt Dillon, Sandra Hüller, Aleksey Fateev

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