Desastre anunciado

Grande sucesso no teatro, é até estranho pensar o porquê “Cats” demorou tanto para ganhar uma adaptação ao cinema. Lançado na década de 80, o premiado musical conta a história de uma tribo de gatos, os Jellicle Cats, que todo ano precisa realizar uma performance para o líder que dará ao vencedor a entrada para o Paraíso e a chance de uma vida melhor.

Com direção de Tom Hooper (Os Miseráveis), o longa recebeu uma enxurrada de críticas negativas em seu lançamento, principalmente devido ao seu visual. De fato, o resultado de “Cats” é bem desastroso, chegando a ser triste ver um produto com tamanho potencial, receber tal tratamento na tela grande. Os efeitos especiais são bizarros, causando estranhamento pela proporção dos elementos de cena – que ora são grandes demais, ora são pequenos demais – e principalmente pela opção de misturar os traços dos gatos com os dos atores. É tudo involuntariamente assustador, tirando o brilho das apresentações e, infelizmente, de todo o elenco.

Os mais prejudicados, com certeza, foram Jennifer Hudson, que apesar de impressionar pela potente voz, é ofuscada pelo visual e Idris Elba que precisa se esforçar para dar vida para um projeto mal feito de vilão. Rebel Wilson, por sua vez, precisa encarar o pior momento do filme, em um número musical assombroso envolvendo ratos e baratas. O roteiro jamais ajuda, onde tudo é narrado com pressa e um péssimo desenvolvimento. Nenhum personagem parece ter alguma importância, onde todos surgem como um mero adereço de luxo, sem meio e fim, o que enfraquece nosso envolvimento com a trama e com esta mísera trajetória de todos eles.

Nem tudo, aliás, é um desastre. Vale citar a bela performance dos atores novatos e bailarinos aqui, como Francesca Hayward, Robert Fairchild e Steven McRae, que realiza o mais belo instante de “Cats” com o sapateado do gato da estação de trem. Há, ainda, alguns bons respiros como as empolgantes apresentações de “Jellicle Song For Jellicle Cats” e “Mr. Mistoffelees“. Existe boas intenções e isso é nítido em diversos momentos. Mesmo que tudo tenha dado errado, sei que existe uma equipe talentosa por trás de tudo isso que, talvez, vítima de uma produção apressada e gananciosa, foi impedida de realizar algo melhor finalizado.

NOTA: 5

  • Duração: 110 minutos
    Roteiro: Tom Hooper, Lee Hall
    Direção: Tom Hooper
    Elenco: Francesca Hayward, Robert Fairchild, Jennifer Hudson, Laurie Davidson, Idris Elba, Judi Dench, Ian McKellen, James Corden, Rabel Wilson, Jason Derulo, Taylor Swift

Um comentário em “Crítica: Cats

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